ATA DA QUINQUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 24-6-2010.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de junho do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, André Carús, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul, Engenheiro Comassetto, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Nelcir Tessaro, Paulinho Rubem Berta, Pedro Ruas e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, Juliana Brizola, Luiz Braz, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulo Marques, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 567913, 571946, 573783, 573920 e 574008/10, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Luiz Fernando Campos, que, em nome do Instituto Terapêutico Nova Vida, apresentou dados estatísticos acerca da dependência química e do alcoolismo no Estado, atentando para a necessidade de medidas públicas na prevenção e combate desse problema. Também, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Aldacir José Oliboni, DJ Cassiá, Dr. Raul, Paulinho Rubem Berta e Dr. Thiago Duarte e a vereadora Fernanda Melchionna manifestaram-se sobre o assunto tratado durante a Tribuna Popular. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra ao senhor Luiz Fernando Campos, para considerações finais acerca do assunto em debate. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar de questões atinentes ao fornecimento de energia elétrica em vilas irregulares de Porto Alegre. Compuseram a Mesa: os vereadores Nelcir Tessaro e Mario Manfro, respectivamente Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; e o senhor Sérgio Camps de Morais, Diretor-Presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I, do Regimento, ao senhor Sérgio Camps de Morais, que se pronunciou sobre o tema em debate. Durante o pronunciamento do senhor Sérgio Camps de Morais, foi realizada apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se a vereadora Maria Celeste e os vereadores Paulinho Rubem Berta, André Carús, Engenheiro Comassetto, Carlos Todeschini, Toni Proença, Fernanda Melchionna, Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo e Nelcir Tessaro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Bernardino Vendruscolo e Engenheiro Comassetto. Em seguida, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, ao senhor Sérgio Camps de Morais. Às dezesseis horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Nilo Santos e João Antonio Dib. Na oportunidade, o vereador João Antonio Dib formulou Requerimento verbal, indeferido pelo senhor Presidente, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Mauro Pinheiro e Alceu Brasinha, este em tempo cedido pelo vereador Mauro Zacher. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Paulinho Rubem Berta, solicitando Licença para Tratamento de Saúde do dia de amanhã ao dia cinco de julho do corrente. Ainda, foi apregoado o Memorando nº 019/10, de autoria do vereador Mario Manfro, deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia de ontem, em reunião com o senhor Tarcízio Teixeira Cardoso, Secretário Especial de Acessibilidade e Inclusão Social, e representantes da Federação Riograndense de Entidades dos Deficientes Físicos – FREDEF –, às quatorze horas, em Porto Alegre. Em continuidade, o vereador Engenheiro Comassetto procedeu à entrega, ao senhor Presidente, de Requerimento solicitando o Recurso previsto no artigo 99 do Regimento, contra decisão tomada pelo Presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, relativa à solicitação de diligência junto à Secretaria do Planejamento Municipal. Em seguida, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao vereador Engenheiro Comassetto, que relatou sua participação, em Representação Externa deste Legislativo, nos dias dezenove a vinte e três de junho do corrente, na 4ª Conferência Nacional das Cidades, em Brasília – DF. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores João Antonio Dib, pelo Governo, Elias Vidal, Airto Ferronato, Reginaldo Pujol, Dr. Thiago Duarte e Mauro Pinheiro, este pela oposição. Na oportunidade, o vereador Engenheiro Comassetto manifestou-se acerca do pronunciamento do vereador Airto Ferronato em Comunicação de Líder. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 013/10, discutido pelo vereador Engenheiro Comassetto; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 052 e 081/10, este discutido pelo vereador Reginaldo Pujol. Às dezessete horas e cinquenta e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Nelcir Tessaro, Mario Manfro e Bernardino Vendruscolo e secretariados pelos vereadores Bernardino Vendruscolo e João Carlos Nedel. Do que eu, Bernardino Vendruscolo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Luiz Fernando Campos, representando o Instituto Terapêutico Nova Vida, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos, para tratar de assunto relativo à Dependência Química.

 

O SR. LUIZ FERNANDO CAMPOS: Boa-tarde a todos. Faço parte do Instituto Nova Vida para reabilitação de dependência química e de álcool. Quando a gente fala em dependência química e alcoolismo, a gente não tem ideia de quantas famílias no nosso Estado, principalmente na nossa Capital, sofrem com o problema da dependência química e da codependência. As últimas estatísticas que nós temos datam de 1995 e mostram que, de cada cem famílias, no Rio Grande do Sul, sete tinham problemas com álcool e dependência química - estatísticas baseadas em internações em clínicas e comunidades terapêuticas. Em 2009, essa última estatística foi alarmante: de cada cem famílias, no Rio Grande do Sul, 35 famílias têm problemas com drogadição e dependência de álcool - isso sem contar as inúmeras famílias que preferiram não se manifestar em relação a isso, por acharem que se trata de um assunto pessoal e que não deveriam colocar isso em estatística.

O grande problema da drogadição que a gente vê nesse trabalho, acompanhando há mais de 15 anos, é que a procura dessas informações não tem um parâmetro para que a gente possa fazer um estudo; as famílias não têm onde procurar ajuda. A falta de informação e a falta de divulgação, as barreiras que a gente encontra para informar as famílias sobre o problema da dependência química são muito grandes.

A dependência química arrasa qualquer família. A droga não escolhe sexo, cor, credo; ela atinge desde as famílias mais humildes até as das classes mais altas. Nós temos relatos, e inúmeros relatos, de famílias ditas “bem estruturadas” que simplesmente foram quase que dizimadas pelo uso de drogas: filho, filha, pai, mãe. Os dados, as estatísticas são enormes, mas o que se tem feito é muito pouco perto do que pode, infelizmente, acontecer.

A Organização Mundial de Saúde prevê que, nas próximas quatro décadas, o tabagismo, a depressão e o uso de drogas podem vir, claramente, a substituir a fome e outras doenças. Isso é um dado que temos, e, quando recebemos esses dados em mãos, ficamos horrorizados com as coisas. Como é que a sociedade deixou isso acontecer? Há famílias que nos procuram tanto na comunidade quanto nas reuniões do Amor Exigente, Narcóticos Anônimos, Alcoólicos Anônimos, Nar-Anon, desesperadas, dizendo que não sabem mais o que fazer com o filho, ou com o marido, ou com a filha. Simplesmente, essas pessoas saem do trabalho e, quando chegam em casa, a mobília toda foi vendida, não têm mais mobília dentro de casa! E isso acontece não porque o dependente seja sem-vergonha ou porque tenha má índole. Eu posso garantir aos senhores e às senhoras que, sem drogas, os dependentes químicos são todos boas pessoas. O problema da droga é que ela é tão prazerosa, dá um prazer que vocês não podem imaginar, que a pessoa, num ato impensado, acaba fazendo coisas até piores. Então vocês imaginem o desespero das famílias, quando um pai e uma mãe chegam em casa e não encontram a sua mobília, ou têm um filho agressivo, ou têm que buscar um filho numa delegacia de polícia. Essas famílias estão completamente desestruturadas.

Existe solução para o problema? Existe, principalmente para o dependente químico, em clínicas de reabilitação, em comunidades terapêuticas, e, também, principalmente para a família, nas reuniões de ajuda, seja ela através do Amor Exigente - fundada pelo Padre Haroldo, uma máxima no tratamento de dependência química e ajuda às famílias -; seja através das reuniões dos Narcóticos Anônimos; dos Alcoólicos Anônimos. Então, é uma forma que a gente tem para ajudar.

O dependente químico, sozinho, não consegue a sua reabilitação. Sem a ajuda da família é quase impossível ele conseguir a sua reabilitação. Poucos conseguem. Muitas vezes, com a ajuda da família, as coisas tendem a tomar um outro rumo. Já houve casos, inúmeros casos, de dependentes químicos que fizeram todo o processo de tratamento, ficaram cinco, seis, dez anos, “de pé”, como a gente costuma falar e, de repente, têm uma recaída. E isso ocorre muitas vezes por uma questão simples: quando eu tenho um drogadito em casa, a minha vida se torna, desculpem a expressão, um inferno, e eu simplesmente coloco esse drogadito dentro de uma comunidade terapêutica, muitas vezes a contragosto dele, e, depois desse período que ele aceita o tratamento, que ele passa a se policiar, a se monitorar, a família esquece de tudo aquilo que passou e volta a abrir brechas, o que é suficiente para o dependente químico voltar a usar droga. Uma coisa é bem certa: nada nem ninguém vai fazer o dependente químico voltar a usar drogas se ele não quiser. Isso é uma coisa pessoal, ele tem que querer. Não adianta a família querer empurrar o seu drogadito para dentro de uma comunidade terapêutica, para dentro de uma clínica de reabilitação, se ele não quiser. Ele tem que chegar ao fundo do poço para poder perceber, ou pelo menos ter uma pequena percepção de que a vida dele pode tomar, infelizmente, três rumos: o hospício, a cadeia ou o cemitério. Infelizmente o uso abusivo de drogas - e aí eu coloco tanto o tabagismo, quanto o álcool, quanto o uso de outras drogas - é uma forma cruel de as famílias, em sua maioria, viverem.

Com todos esses dados que a nossa população sofre, a pergunta que eu deixo é a seguinte: como e de que forma o Município de Porto Alegre pode se inteirar e ajudar para que essas novas gerações não caiam na mão da droga, não façam o uso abusivo de drogas? Lógico, tudo começa pela família, o que a gente costuma chamar de “raízes culturais”, mas a gente não consegue fazer esse trabalho sozinho. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Convidamos o Sr. Luiz Fernando Campos a fazer parte da Mesa.

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Nelcir Tessaro, quero saudar, em nome da Bancada do PT, o nosso convidado de hoje, o Instituto Terapêutico Nova Vida, representado pelo Sr. Luiz Fernando Campos. Quero dizer que essa sua reivindicação, esse seu grito, é o nosso grito, é a nossa indignação, às vezes, até porque o Poder Público é muito moroso. Percebemos que, em 2008, havia mais de 35 mil pessoas viciadas em crack; em 2009, havia 55 mil, e, em 2010, se fala em mais de cem mil pessoas. Porto Alegre não tem cem leitos disponíveis para tratar o nosso cidadão, colega, hoje dependente do crack. Vossa Senhoria, convidado do dia de hoje, que vem falar em Tribuna Popular, pelos seus dados, demonstra que isso é para ontem, é urgente.

Porto Alegre, nas três clínicas terapêuticas conveniadas, que dispõem de dez leitos, como foi dito na Comissão de Saúde, da qual sou Presidente, usava quatro leitos. Até a semana passada, seis estavam vagos nas três clínicas. Além de um certo desinteresse em aumentar o número de leitos, há uma enorme morosidade em credenciar outras clínicas terapêuticas. Vossa Senhoria traz aqui um exemplo que mostra que muitas outras poderiam ser credenciadas, ou que poderiam ser possibilitados, na rede, mais de cem, duzentos, quatrocentos leitos. Acho que Porto Alegre precisa, no mínimo, de quinhentos leitos, porque só temos algumas opções de desintoxicação, não temos opção para internação, para um tratamento longo. A cada dia, o traficante vem cooptar esse estudante, esse cidadão, muitas vezes desempregado, na porta das nossas casas, na porta do colégio.

Quero parabenizá-lo, em nome da Bancada do PT, e dizer que temos que continuar nessa luta, trazendo para dentro da Câmara, para todos os órgãos públicos, cidadãos como V. Sª, que vem aqui hoje para trazer essa temática, para convencermos o Gestor a ampliar o número de leitos e possibilitar, com certeza, uma nova perspectiva de vida, porque muitos deles perderam a vontade de viver.

Parabenizo-o em nome da Bancada do PT e, como Presidente da Comissão de Saúde, estou à disposição dos senhores para continuar a debater o assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Luiz Fernando, seja bem-vindo a esta Casa; parabéns pelo seu trabalho. Olha, Sr. Luiz Fernando, se formos falar de desigualdade, veremos desigualdade social neste País todo. Considerando o nosso caos na Saúde pública, eu diria que a pena de morte existe no nosso País. Ela está na Saúde pública, ao perdemos um filho de um trabalhador que contribui para este País e que paga seus impostos, ou ao perdemos o próprio trabalhador, que morre antes de se aposentar.

Falando especificamente da questão das drogas, quero dizer ao senhor que o País não se preparou, não se encontra preparado e não tem uma política, em nível nacional, para combater essa epidemia da droga. Não é uma situação isolada de Porto Alegre. Se formos a Gravataí, ou se formos a Canoas, é a mesma situação. Ora, não podemos ficar aqui empurrando um para o outro. Temos que nos unir, temos que nos fortalecer - é a única forma de combater a drogadição -, e não ficar empurrando um para outro, apontando quem é o culpado ou quem não é o culpado. Culpados somos todos nós, porque não nos preparamos e não temos ainda uma política que se possa dizer, Sr. Luiz Fernando, que é a “política da salvação”, até mesmo porque um dependente químico, além do tratamento, ele passa pela questão da estrutura familiar. Se ele não tiver, como bem o senhor sabe, a estrutura familiar, não adianta ter o tratamento. Estou falando isso com o senhor não porque tenha lido no jornal ou visto na televisão; eu passo, diariamente, por isto: consigo a vaga para o menino que é usuário de crack, mas a sua família não consegue levá-lo para ter o tratamento. Ele foge, tem uma dificuldade porque já está com a mente totalmente contaminada pelo uso da droga.

Quero dar-lhe os parabéns em nome da Bancada do PTB, dos Vereadores Nilo Santos, Maurício Dziedricki, Alceu Brasinha, Nelcir Tessaro e este Vereador. Estamos juntos com o senhor nesta luta. Esta é uma luta em que precisamos nos unir; não nos desunir, não entrar na onda da crítica, porque a crítica desune; temos que nos unir e ter uma política para salvar essas crianças, jovens, adolescentes, seja quem for, do uso de drogas. Parabéns pelo seu trabalho! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Raul está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. RAUL: Presidente, Ver. Tessaro, quero saudar, em nome da Bancada do PMDB, dos Vereadores Carús, Bernardino, Paulo Marques, enfim, de todos os Vereadores do PMDB que têm se dedicado a essa questão tão importante, que é a drogadição, e também em nome da Bancada do PP, dos Vereadores Dib, Beto e Nedel. Tenho mais de trinta anos de Medicina, mais de vinte voltados também à questão da drogadição. Nós temos feito a nossa parcela, mas o País é que tem que fazer a sua parcela, junto com o Estado e o Município, porque, infelizmente, a drogadição, os problemas com produtos químicos, com fumo, com álcool, que estão disseminados na nossa sociedade e estão causando inúmeras mortes, como sabemos, na população mais jovem. Muitos homicídios não são homicídios, são “drogacídios”, mortes em função da droga. Isso é muito triste, e a gente sabe que cada um tem que fazer a sua parte. Precisamos estabelecer, de parte do Poder Público, ações bem focadas que combatam desde a entrada da droga no nosso País, saber onde está, de onde vem. Isso envolve Polícia, a Polícia Federal, enfim, até os órgãos da Saúde e, principalmente, o acolhimento dessas pessoas. Temos que qualificar essas fazendas terapêuticas, para que as pessoas possam estar lá e possam ter, por exemplo, projetos de geração de renda, projetos de capacitação, para não que elas saiam dali não de volta ao meio social onde viviam, mas sim com a perspectiva de não serem internadas novamente. Isso precisa de um acompanhamento até posterior às fazendas terapêuticas, que são esses grupos que a Cruz Vermelha, a qual inclusive procuramos ajudar, faz muito bem, entre tantas instituições.

Então, nós precisamos qualificar essa área, reconhecer e trabalhar muito fortemente, porque o seu grito aqui não é um grito único, é um grito, hoje, de toda sociedade brasileira, mas não temos apenas que gritar; precisamos, agora, resolver essa questão. A solução é difícil e depende de todos, mas nós, Vereadores, com certeza, estamos unidos para que, realmente, esse assunto avance na nossa Cidade, e tem avançado um pouco. Em termos de Caps, em termos de leitos hospitalares, tem avançado, mas resta muito para avançar.

Desejo-lhe sucesso na sua luta, que, com certeza, terá a parceria desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Paulinho Rubem está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Sr. Luiz Fernando Campos, do Instituto Terapêutico Nova Vida, a Bancada do PPS - o Ver. Toni Proença, o Ver. Elias Vidal - se junta ao senhor nesta luta e à luta que já vem desempenhando na Cidade, para tentar, junto com toda a sociedade, encaminhar e buscar soluções. Realmente, hoje, o crack e outros produtos químicos são um câncer.

Quero dizer que nós enxergamos da seguinte forma: de um lado, há aqueles que hoje já estão contaminados; de outro lado, há aqueles com quem temos que trabalhar dentro da prevenção. Para nós, está na família parte da solução. A família precisa ser melhor estruturada, para que possamos diminuir o número de drogados, mas também precisamos diminuir o número daqueles que ingressam no mundo da drogadição. Quero dizer que o PPS e sua Bancada se colocam à disposição para trabalharmos, cada vez mais, por isso.

Queremos também fazer parte desse grito de alerta à sociedade, a qual deve se preocupar mais, participar mais e propor soluções objetivas, concretas, principalmente na estruturação familiar. Por isso, nos solidarizamos com o senhor e estamos juntos nessa luta. Parabéns! Continue seu trabalho e conte conosco. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Sr. Luiz Fernando Campos, atentamente escutávamos, do gabinete, as suas colocações. Quero lhe dizer, primeiramente, que esta Casa, na metade do ano passado, iniciou a ação da Frente Parlamentar Antidrogas, da qual este Vereador é o Presidente, mas ela é composta pelo conjunto dos Vereadores, e, como o senhor viu aqui, há ações do conjunto dos Vereadores focadas na questão da Saúde. Como muito bem colocou o Dr. Raul, temos outras situações que permeiam a questão da drogadição, mas, infelizmente, elas têm outra alçada. Por exemplo, a vigilância das fronteiras é fundamental para a questão da drogadição, mas isso é uma questão federal, infelizmente.

A Frente tem trabalho em três aspectos: prevenção, tratamento e ressocialização, os três igualmente muito importantes. O fundamental - e já vou lhe fazer o convite para que esteja presente na nossa primeira Reunião do próximo semestre - é que cada um conheça as experiências que já existem na Cidade, e a sua própria experiência pode ajudar outros colegas que tenham outro trabalho nesse sentido.

Já propomos, nesta Casa, um projeto para a constituição do Centro Municipal Antidrogadição. Qual é o objetivo? Poder, de forma transversal, tratar o problema, regular os leitos, poder emanar, ter conhecimento técnico dali e poder ser um agente que possa divulgar as questões contra as drogas, tratando sempre de forma multidisciplinar, com todos os profissionais da área da Saúde ou não. Então, muito boa a sua colocação. O Gabinete deste Vereador fica à disposição e, certamente, o Gabinete de todos, e principalmente a Frente Parlamentar Antidrogas.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde, Sr. Presidente, eu queria parabenizar o Sr. Luiz Fernando Campos pelo trabalho, pelo empenho, pela luta aguerrida em um tema tão importante e que necessita tanto não só ser discutido, mas também, e sobretudo, que haja ações.

Eu acabo de vir de uma mobilização da Polícia Federal e queria trazer um relato para os Vereadores, sobre a tristeza que é a terceirização e a falta de concurso público, o que faz com que as áreas de fronteira brasileira - por onde entram as drogas industrializadas - sejam atendidas por empresas terceirizadas. Como bem falava a presidente nacional do Sindicato, há muitas pessoas, o que facilita o rol de corrupção, a própria atuação do crime organizado. Há necessidade de combater o crime organizado tendo uma Polícia Federal organizada. Queria trazer já esse relato, porque faz parte da nossa luta, para que as drogas não entrem, não estejam na porta da escola como estamos vendo dentro da comunidade. É impressionante como o crack se alastrou, é uma epidemia brutal em todas as comunidades, em todas as cidades do nosso Estado.

Eu sou de Alegrete, e lá a juventude tem pouca oportunidade de emprego, pouca oportunidade de cultura, de lazer; foi impressionante como se alastrou em todos os bairros na minha Cidade, Alegrete, como também em Porto Alegre e em várias outras cidades do nosso Estado.

Nós temos que buscar, na verdade, uma atuação em duas frentes: primeiro, prevenir, que significa não só fazer campanhas contra as drogas - o que é fundamental -, mas prevenir oferecendo uma alternativa de emprego para a juventude, de estúdio público de gravação para os que tocam, que, muitas vezes, não têm o que fazer no contraturno escolar; escola de educação integral para permitir que a escola possa ser uma referência na comunidade no outro horário da educação, e não as gangues, o narcotráfico, bandidos que arregimentam, que puxam para si os jovens desde os 13, 14, 15 anos para serem “aviõezinhos” no narcotráfico e morrerem em cada esquina, como estamos vendo.

Em segundo lugar, precisamos de um tratamento humano. Parece-me que o Centro de Atenção Psicossocial - eu e o Ver. Pedro Ruas sempre defendemos os Centros de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas, Caps-AD - seja a fórmula mais correta de tratar o usuário do crack, tendo a vinculação com a família, tendo uma atividade de trabalho junto com a atividade de botar fim à dependência química, junto com a psicóloga, junto com a assistente social, permitindo, então, que o dependente químico seja tratado de uma maneira mais humana e, sobretudo, com a necessidade de reinseri-lo socialmente e de combater essa drogadição. Então, eu queria lhe trazer, em meu nome e em nome do Ver. Pedro Ruas, a nossa saudação, o nosso apoio, e estamos à disposição para todas e quaisquer lutas que sejam contra a dependência química.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Passo a palavra ao Sr. Luiz Fernando Campos, por dois minutos, para fazer as suas despedidas.

 

O SR. LUIZ FERNANDO CAMPOS: É bom que se deixe bem claro: o combate à droga é bem diferente do combate à drogadição. Em relação ao combate à drogadição, o que nós temos hoje, o quadro que a gente apresenta hoje é muito limitado. Como assim limitado? O dependente químico entra numa clínica de reabilitação ou numa comunidade terapêutica, fica o período determinado, a família se reorganiza, se reestrutura para, quando receber o seu dependente químico novamente em casa, ele tenha uma outra percepção de família. Parece tudo muito bonito, tudo muito tranquilo, mas não é assim que funciona. O grande problema para que esse dependente químico não volte a usar droga, como a maioria aqui falou, é a reinserção social. Perante a família, o dependente químico já é totalmente desacreditado. A família redobra os cuidados com esse dependente, não deixa mais dinheiro nas mãos dele ou solto pela casa. Tudo é motivo de desconfiança, sem falar que, mesmo em tratamento ou após o tratamento, a sua autoestima tem que ser reestruturada. Como a gente pode ajudar esse dependente químico? Não só no Instituto Nova Vida, mas em vários outros institutos, em várias outras comunidades terapêuticas, nós nos reunimos e tentamos colocar, juntamente com alguns órgãos como Senac, Senai, FIERGS, o aproveitamento principalmente dos jovens - em geral todos, mas, principalmente, dos jovens, aqueles que realmente buscam a sua reabilitação - para cursos profissionalizantes, seja ele de marceneiro, informática, independente do tipo de curso. Para quê? Para que esse dependente químico, a partir do momento que termine o seu tratamento, tenha uma perspectiva de vida, porque é muito fácil - e eu digo para vocês, é muito fácil -, após um tratamento, mesmo com todo o conhecimento que esse dependente químico adquire nesse período, é muito mais fácil ele, de repente, estar chegando em casa, ou estar chegando próximo à sua casa - voltando de uma reunião -, encontrar um amigo de ativa, amigo entre aspas, de ativa, e o cara simplesmente perguntar: “E aí, fulano, como é que você está? Tudo Bem?” Ele diz: “Cara, eu estou bem. Dá licença, que eu tenho...”, “Não, só um pouquinho, vamos conversar... e tudo mais”. Isso é motivo suficiente para ele voltar a usar. Por quê? Porque é muito mais fácil aquele cara que não fez o tratamento, que não pediu ajuda e que ainda está usando droga fazer com que a pessoa que fez o tratamento, que quer uma reestruturação, voltar a se drogar do que o outro convencer esse amigo seguir o caminho dele, ou seja, a parar de usar também.

Então começa por uma estrutura familiar, começa por uma nova estrutura de vida, mas também com uma forma integrada entre Estado, Município, família, para que a gente dê recursos não para a instituição, mas dê recursos para esses dependentes terem uma nova perspectiva. Sem isso fica muito difícil; eles podem fazer um tratamento, sim, mas a possibilidade de eles seguirem com esse tratamento para o resto da vida, já que é uma doença que não tem cura, é muito difícil. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Agradecemos ao Sr. Luiz Fernando Campos a sua apresentação, e pode ter a certeza de que esta Mesa Diretora e todos os Vereadores somam-se a campanhas de combate à droga, de conscientização, e principalmente ao crack. Nós temos aqui diversos programas, também a nossa Comissão de Saúde vem trabalhando nesse sentido. E conte com o nosso apoio. Muito obrigado.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, este período é destinado a tratar sobre o tema específico a ligação de energia elétrica em vilas irregulares de Porto Alegre. Este tema é muito importante, já foi debatido no ano de 2009, com a Comissão Especial de Fornecimento de Energia Elétrica de Forma Regularizada. Este tema também está sendo amplamente discutido neste ano com a Frente Parlamentar pela Regularização da Energia Elétrica. Também estão presentes diversas entidades que já trabalharam conosco no ano passado.

Eu quero aqui ler parte do comunicado que recebemos do Sr. Sandro Chimendes, Presidente da UAMPA (Lê.): “...Neste sentido, a direção da UAMPA vem se somar às comunidades Jardim São Pedro, Vila Dom Pedro, Jardim Marabá, Vila Três Figueiras do Sul, Vila Dona Mariana II, Jardim Vitória da Conquista, Vila da Conquista, Jardim da Amizade, Jardim Verde e às Cooperativas Habitacionais...”, e às Cooperativas que já têm as AEIS gravadas, para que tenham, em conformidade com a nova Resolução da Aneel, o fornecimento de energia elétrica limpa, para que os moradores possam ter ali instalada provisoriamente a energia - no momento os loteamentos não estão regularizados.

Diante disso, para sua explanação, nós estamos convidando o Sr. Sérgio Camps de Morais, Diretor-Presidente da CEEE, a fazer parte da Mesa. A CEEE sempre foi parceira desta Câmara. Sr. Sérgio, seja muito bem-vindo.

De imediato, passamos a palavra ao Sr. Sérgio Camps de Morais, Diretor-Presidente da CEEE, para fazer a sua manifestação sobre o tema específico. Após, passaremos a palavra aos doze Vereadores inscritos.

 

O SR. SÉRGIO CAMPS DE MORAIS: Boa-tarde, Sr. Presidente; boa-tarde a todos os Srs. Vereadores. Primeiro quero dizer que, para mim, é uma honra estar aqui nesta Casa hoje, poder apresentar este trabalho, discutir este tema, que eu acho que, como o tema que nos precedeu, é também uma droga da nossa sociedade. Essa é uma questão fundamental, é um problema também de Saúde pública, e, portanto, como Presidente de uma companhia pública como a CEEE, eu me sinto aqui no dever, em um trabalho conjunto com a Câmara de Vereadores, de tentarmos avançar na solução desse problema das ocupações irregulares que existem em número muito grande na cidade de Porto Alegre.

 

(Apresentação de PowerPoint.)

 

O SR. SÉRGIO CAMPS DE MORAIS: Antes de entrar no assunto, eu quero contar uma história e fazer um registro, que é necessário, de como chegamos até aqui hoje. Eu vou apresentar um programa de eletrificação de origem na CEEE, mas que tem uma história. Algum tempo atrás - eu acho que foi em 2008 -, eu recebi, na presidência da CEEE, a Verª Juliana Brizola, a Verª Maria Celeste, o Ver. Toni Proença, membros da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana da Câmara de Vereadores, e eles colocaram a preocupação a respeito da questão das vilas, das ocupações irregulares.

Pouco tempo depois, houve um incêndio na Vila Chocolatão, nossa vizinha, e, de algum lugar, saiu que a causa do incêndio era a energia elétrica e que a CEEE teria responsabilidade. Eu pedi, a partir daí, um estudo dos nossos técnicos da CEEE sobre as condições de abastecimento, sobre como era a energia elétrica que chegava até a Vila Chocolatão. Foi feito um trabalho técnico de perícia em que se constatou que houve um incêndio e que haverá outros enquanto continuar aquele tipo de rede de “gato”, de fiação sem nenhuma segurança, quer dizer, uma rede absolutamente precária, clandestina, insegura e que certamente provocaria outros incêndios. Houve um sexto, houve um sétimo e houve um oitavo incêndio. Esse trabalho eu apresentei ao Prefeito, na época José Fogaça, e disse que a CEEE poderia atuar lá, sim, mas a CEEE obedece a regras que são dadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel, e que impediam que a CEEE fizesse uma rede no lugar onde a propriedade não estivesse definida ou onde o proprietário não havia solicitado a instalação da rede.

Então, o que eu disse ao Prefeito José Fogaça? Se a Prefeitura Municipal acionar a Justiça Federal, que detém a propriedade daquele terreno, em parceria, e autorizar a CEEE a fazer, nós faremos uma rede. Isso foi feito. A Prefeitura Municipal acionou, nós fizemos reuniões, a Justiça Federal autorizou, e a CEEE começou a fazer uma rede de energia elétrica provisória, mas absolutamente segura na Vila Chocolatão.

Isso foi obtido através de um trabalho de parceria, e quero dizer como militante político, e não como Presidente da CEEE, quando a democracia funciona, e aí funcionou: Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, Companhia de Distribuição de Energia Elétrica, as três juntas foram capazes de resolver o problema, e a Vila Chocolatão hoje tem uma rede provisória.

Antes de continuar, eu gostaria de dizer com que espírito estou aqui hoje. Nós começamos a fazer aquela rede na Vila Chocolatão, que está quase concluída. O líder comunitário da Vila Chocolatão, que se chamava Léo, foi assassinado pelos traficantes lá na Vila. E o nosso pessoal, que estava instalando a rede, foi expulso de lá; não pudemos concluir a obra, estamos retomando agora. Depois, os dois filhos desse líder comunitário foram assassinados. Nós, militantes e que construímos a democracia deste País, não podemos aceitar que, na Vila Chocolatão, aqui ao lado, atrás do Fórum da Justiça Federal, junto ao Centro Administrativo, o Estado não controle o território. Um líder comunitário foi assassinado, os filhos dele foram assassinados, e o Estado tem que assumir isso. Eu estou aqui com esse espírito, mas isso é uma tarefa de todos nós, não só de A, B, ou C, mas de todos nós que militamos pela democracia no País. O Estado Democrático de Direito tem que controlar o território desta Cidade. E aqui foi uma batalha perdida. Eu não poderia deixar de registrar isso hoje. A Câmara de Vereadores foi parceira nessa tarefa, e ela tem que continuar nesta tarefa de ajudar para que a nossa democracia se consolide e não deixe territórios nas mãos do tráfico como acontece na nossa Cidade.

Dito isso, eu vou explicar o Programa que nós estamos implantando através da CEEE. Essa história começou quando a Aneel esteve numa Comissão Especial da Regularização da Energia Elétrica, aqui da Câmara de Vereadores, da qual o Ver. Paulinho participa, e, a partir daí, os dirigentes da Aneel fizeram uma visita à Vila Chocolatão. Isso foi muito importante, uma conquista da Câmara de Vereadores e do Executivo Municipal, porque, a partir da experiência da Vila Chocolatão, a Aneel mudou uma regulamentação para todo o País. A partir daqui, foi modificada a norma sobre essas ocupações, o que flexibilizou e permitiu este Programa que eu vou mostrar aqui hoje para os senhores.

O que a Resolução da Aneel mudou? Antes a Companhia não podia atuar nunca em terrenos onde a propriedade não estivesse definida. Qual foi a flexibilização? Agora a distribuidora, no caso a CEEE, pode construir redes e instalações para empreendimentos habitacionais urbanos de interesse social, que é um conceito novo - regularização fundiária de interesse social e atendimento de unidades consumidoras de caráter não permanente, que é o caso da Vila Chocolatão. A rede que nós fizemos na Vila Chocolatão é uma rede provisória, mas é uma rede segura. Então, mesmo em áreas que serão transferidas, pode-se e deve-se fazer uma rede elétrica provisória, mas que tenha segurança. É isso que nós fizemos na Vila Chocolatão. Então essas três coisas são novidades que a Resolução nº 384 da Aneel permitiu. E isso é o que dá base legal para a gente atuar.

No item Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social, destinado a famílias de baixa renda, há três situações: a) empreendimentos implantados em zona habitacional declarada por lei como de interesse social. Quem declara Interesse Social? É a Prefeitura. Talvez a Câmara de Vereadores pode ser pró-ativa nisso também; b) empreendimentos promovidos pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios, autorizados por Lei; c) empreendimentos construídos no âmbito de programas habitacionais de interesse social implantados pelo Poder Público. Então, são nessas três situações que nós, agora, podemos atuar.

No item Regularização Fundiária de Interesse Social, o interesse social é definido pelo Poder Público, a Prefeitura do Município: a regularização fundiária de ocupações inseridas em parcelamentos informais ou irregulares e localizadas em áreas urbanas públicas ou privadas e utilizadas predominantemente para fins de moradia por população de baixa renda, na forma da legislação em vigor. Quer dizer, são situações que já estão consolidadas; nesse caso, abrem-se caminhos para fazer isso em áreas que tenham uma situação de ocupação, mas que está consolidada. Então, se a Prefeitura declara de interesse social, a distribuidora pode atuar nessas áreas. Isso é uma flexibilização.

No item Atendimento de Unidades Consumidoras de Caráter não Permanente, são todas as áreas que têm já um programa de transferência. Estão ali provisoriamente, mas podemos fazer uma rede elétrica provisória, coisa que antes não se podia fazer. É o caso da Vila Chocolatão, e há outros casos, em Porto Alegre, em que se poderá fazer uma rede elétrica provisória, porém com segurança.

Quanto aos documentos necessários para a implantação da rede elétrica - a documentação comprobatória de caracterização -, quem pode dar é a Prefeitura Municipal em áreas não comprometidas. O documento é emitido pela Prefeitura Municipal. Aqui está caracterizado que é a Prefeitura Municipal, mas a Câmara de Vereadores pode ser muito pró-ativa em criar essas Áreas Especiais de Interesse Social. A Lei de junho de 2009 criou 29 Áreas Especiais de Interesse Social, que já podemos atuar nelas. Com o Decreto da Prefeitura, já vamos poder atuar nessas áreas para poder regularizar. Para todas essas áreas já tem um expediente interno aberto na CEEE. Então, elas estão sendo objetos de estudo para fins de projeto, e será feita uma obra nessas áreas para regularizar.

Bom, para dar uma ideia do tamanho, lá na CEEE nós temos dados de que existem 453 áreas irregulares em todo o Estado, mas a nossa área de concessão não é em todo o Rio Grande do Sul, mas sim nos 72 Municípios; só que 418 são áreas do Município de Porto Alegre. O nosso foco é Porto Alegre. Nós vamos atuar, pesadamente, em Porto Alegre. E nós tiramos uma foto do que são as ligações clandestinas, as quais estimamos em mais de 50 mil, o que dá um universo de quase meio milhão de pessoas, porque, às vezes, em cada ligação, pode haver cinco, dez pessoas, é uma coisa fantástica (Mostra foto.) E tudo isso aí é fonte permanente de risco de incêndio, de acidente de todo o tipo.

Bom, quanto a esses loteamentos irregulares, aqui tem uma lista que está em análise de viabilidade para atuarmos. (Mostra em tela.) O que estamos vendo? O enquadramento legal daquela norma da Aneel desses loteamentos. São todos loteamentos irregulares, e a CEEE não tem acesso aos consumidores.

Aqui são loteamentos irregulares clandestinos que já estão cadastrados na CEEE, são 177 aqui em Porto Alegre; depois vamos tentar estudá-los e tentar fazer a atualização. Nós vamos deixar uma cópia deste trabalho aqui junto à Câmara de Vereadores. Então, todos os Srs. Vereadores terão acesso a essa lista, sem problema nenhum.

Que programa é esse que estamos criando? Nós vamos utilizar cabo ecológico, que é uma rede protegida, que dá segurança e mais estabilidade nessas redes de média e baixa tensão. E também é mais difícil fazer “gato” com esse cabo.

Vamos financiar, porque nós não queremos apenas ir lá, instalar a rede e cobrar a conta. Nós queremos fazer uma parceria com as comunidades. Nós sabemos que a maioria dessas regiões de ocupação irregular é de baixa renda. Nós temos tarifas sociais; nós temos uma série de possibilidades que, com a comunidade, a gente pode pactuar para fornecer energia segura, com estabilidade e barata. Isto é possível desde que a gente faça e trabalhe em conjunto. Nós temos gente, na CEEE, que se dedica a este trabalho de estabelecer relação com a comunidade, com as lideranças dos locais, para poder, então, pactuar de maneira que as pessoas possam ter conta de luz e possam pagar essa conta de luz.

Então, a CEEE não está trabalhando com o espírito só de ir lá e faturar aquela energia. Para nós - isso eu queria deixar bem claro -, energia elétrica é cada vez mais um bem absolutamente indispensável à vida das pessoas. Então, nós estamos trabalhando não só para vender energia elétrica, porque entendemos que energia elétrica é cidadania, é inclusão social. E as pessoas, para melhorarem de vida, para trabalharem e exercerem as suas profissões, precisam de energia elétrica. Então, nós queremos atuar de maneira a contemplar essas duas coisas. É com esse espírito que a CEEE está trabalhando nesse Programa.

Nós temos um financiamento, porque, em geral, nessas áreas, as casas têm que colocar um poste, tem a caixa de medição. Isso tudo a gente financia. Há um programa para isso.

Nós temos programas de geração de renda para essas comunidades de baixa renda. A CEEE trabalha num Projeto, junto com o Projeto Pescar, por exemplo, em que crianças da Vila Amazônia estão trabalhando em cursos de eletricistas, lá na CEEE, no nosso Centro de Treinamento, para serem eletricistas e, possivelmente, passarem no concurso da CEEE e trabalharem na própria CEEE. É um curso que, junto com o Projeto Pescar, a CEEE está financiando. Nós queremos desenvolver outros programas desse tipo para as famílias dessas comunidades carentes, para poderem ter renda para atender suas necessidades, entre elas a de energia elétrica.

Nós temos um atendimento comercial, é um trailer móvel que vai a essas regiões e que pode prestar todo este atendimento comercial de explicação, de esclarecimento. Vamos utilizá-lo para fazer esse trabalho. E temos um programa de eficientização de energia elétrica. Esse é um Programa da Aneel, que nós vamos usar nessas áreas, que é a utilização de lâmpadas mais eficientes. E está vindo agora um programa de renovação da linha branca, quer dizer, para as velhas geladeiras que as pessoas têm em casa, que são ineficientes e que gastam muita energia, vai haver um programa de troca por geladeiras modernas muito mais eficientes, de muito mais baixo consumo. Então, esse é um programa de regularização.

O que eu gostaria de deixar claro é que nós temos, para 2010 já, na Companhia, orçamento para isso, mas nós não temos “perna” para fazer todas essas obras num prazo muito curto, mas temos recursos, já temos três milhões de reais destinados no orçamento da Companhia para fazer essas obras de regularização. Portanto, não é falta de recursos, falta perna para fazer. Nós temos limitação para execução de obras, mas estamos dando prioridade para isso, garantimos os recursos; portanto, isso vai estar em funcionamento.

Quero dizer também que passamos para a área da diretoria da distribuidora para acompanhar esse Programa de regularização, quer dizer, isso passou a ser prioridade para nós, vai ser acompanhado.

E nós, numa relação com a Câmara de Vereadores, com a sociedade de Porto Alegre, vamos fazer um cronograma de obras e vamos tratar de mostrar o andamento regularmente, quinzenal ou mensalmente, de maneira que a sociedade acompanhe a execução dessas obras. Isso é prioridade para nós. Portanto, acho que é um dever nosso disponibilizar o informe de como o cronograma de obras está andando. Eu acho que a sociedade precisa participar, controlar, fiscalizar a execução e ser parceira da cobrança disso - acho que é absolutamente imprescindível.

Então, eu queria mostrar esse Programa e reiterar: isso aqui foi possível pela demanda que surgiu aqui desta Casa, pela nossa necessidade de atuar nesse Programa. Isso é um problema de Porto Alegre. Acho que nós podemos fazer mais do que estamos fazendo, e a Câmara de Vereadores pode ser muito proativa nisso. Eu vejo aqui como a Câmara é um receptáculo fundamental das demandas da sociedade e das pessoas que mais precisam, e a Companhia, a CEEE, como empresa responsável pela distribuição, e sendo pública, tem o dever de receber essas demandas e de atendê-las.

Então, esse é o nosso compromisso, e eu reitero que, para mim, é uma honra estar aqui. Acho que esta Casa é fundamental, e, dentro da nossa democracia, sem esta Casa, a Administração pública caminha muito mais devagar e com muito menos eficiência. Muito obrigado pela atenção dos Srs. Vereadores. Eu estou aqui à disposição para qualquer indagação.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado, Presidente Sérgio Camps. O senhor está convidado a fazer parte da Mesa.

A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Paulinho Rubem Berta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero agradecer aos Vereadores que me cederam a possibilidade de falar num primeiro momento, porque estarei em representação desta Casa, às 15h30min, numa reunião na Assembleia Legislativa; portanto preciso, imediatamente, me deslocar para lá.

Quero saudar, com muita alegria, o Diretor-Presidente da CEEE, Dr. Sérgio, que, de fato, teve sensibilidade ao ser instigado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, no ano de 2009. Foi numa composição e num esforço desta Casa - através de uma Comissão de Vereadores, a Verª Juliana Brizola, então Presidenta da Comissão de Direitos Humanos; o Ver. Toni Proença, esta Vereadora -, que nos dirigimos, numa Audiência Pública, não só à CEEE, mas também à Prefeitura Municipal, quando recebemos aqui a Vila Chocolatão, que, pela segunda vez, teve a infelicidade sofrer com um incêndio. Era verão, eu lembro bem, foi o primeiro mês desta nova desta nova Legislatura, essas galerias ficaram lotadas e o desespero daquela população era iminente.

Na Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos, as mães vieram aqui e trouxeram ratos, Ver. Toni Proença - o senhor lembra? - e diziam que, além de os “gatos” provocarem incêndios, a falta de luz, à noite, também propiciava que os ratos que ali se proliferavam mordessem os dedos das mãos e os dedos dos pés das crianças, especialmente dos bebês. Isso foi tão forte, tão chocante, que, imediatamente, nós nos reportamos à Direção da CEEE, buscando uma alternativa. E, ao chegarmos lá, o Dr. Sérgio nos disse: “Nós precisamos construir uma possibilidade jurídica para entrarmos e disponibilizarmos uma rede provisória.” Fomos ao Prefeito Municipal, fomos à Secretaria de Governança, à época, e tivemos uma grande dificuldade junto à Prefeitura Municipal para fazê-los entender a necessidade que a CEEE já compreendia e já se colocava à disposição para a resolução do problema. Dessa mesma forma, a Frente Parlamentar pela Reforma Urbana, coordenada pelo Ver. Engenheiro Comassetto, intensificou os trabalhos, porque outras comunidades e outras vilas aqui aportaram também com esta demanda da regularização fundiária e também da necessidade de o serviço público ser disponibilizado ali, como é o serviço da água. Também a Comissão Especial, coordenada pelo Ver. Paulinho Rubem Berta, se dedicou profundamente a esse tema. Então, muitas vezes a população olha para a Câmara Municipal e pensa: “Os Vereadores e Vereadoras desta Cidade não se preocupam ou não conseguem dar resolução aos problemas do dia a dia das comunidades”. Mas, efetivamente, é na Câmara Municipal, Ver. Airto Ferronato, que as comunidades têm conseguido encontrar guarida e parceria para a solução dos seus problemas, porque, muitas vezes, nós nos dirigimos ao Prefeito Municipal, como aconteceu no ano passado, e sequer as comunidades e os Vereadores foram atendidos.

Então eu louvo a iniciativa dessa Resolução, dessa regulamentação da Aneel, a exemplo do trabalho desenvolvido na cidade de Porto Alegre, criando as condições legais e jurídicas para que, efetivamente, essas comunidades saiam da escuridão e possam ter vida, cidadania e dignidade.

Parabéns, Dr. Sérgio, por sua iniciativa; parabéns à Câmara Municipal, que, efetivamente, colaborou, e muito, com todo esse trabalho. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Solicito ao Ver. Mario Manfro que assuma a presidência dos trabalhos, para que eu possa participar de uma Reunião na presidência.

O Ver. Paulinho Rubem Berta está com a palavra em Comunicações.

 

(O Ver. Mario Manfro assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Sr. Presidente; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; Presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica, Sérgio Camps; lideranças comunitárias e público presente, venho a esta tribuna muito feliz e muito orgulhoso, porque hoje se consolida uma determinação democrática na cidade de Porto Alegre. E, quando a democracia se encaminha, também se encaminham soluções coletivas a todos. Esse trabalho começou por meio de diversos Vereadores de diversas frentes; uma delas foi a Frente Parlamentar pela Reforma Urbana - até antes de este Vereador chegar a esta Casa. A Câmara de Vereadores formou uma Comissão Especial para o aprofundamento das discussões sobre as ações que contribuíram para o progresso de viabilização de fornecimento da energia elétrica à população, de forma regularizada. Essa Comissão só poderia funcionar por noventa dias, e, por força de lei, era obrigada a se desfazer após esse prazo. Depois disso, foi criada a Frente Parlamentar pela Regularização da Energia Elétrica. Quem fazia parte dessa Frente? O Ver. Nelcir Tessaro, Presidente; o Ver. Engenheiro Comassetto, Vice-Presidente; o Ver. Reginaldo Pujol, Relator; o Ver. Ervino Besson, que teve um grande mérito nesse trabalho - e aqui vai um abraço a ele deste amigo e dos demais 35 Vereadores desta Casa, rogando a Deus que ele melhore rapidamente, pois ele se encontra enfermo -, os Vereadores Mauro Pinheiro, João Pancinha, Haroldo de Souza, João Carlos Nedel, Paulinho Rubem Berta, Luiz Braz, Fernanda Melchionna e Waldir Canal. Todos esses, direta e indiretamente, contribuíram para que hoje se pudesse estar aqui comemorando a Resolução da Aneel. Foi criada, então, a Frente Parlamentar, na qual se incorporaram diversas lideranças comunitárias. E, ao citar as lideranças do Jardim da Amizade, cito todos os moradores que frequentaram as reuniões, participaram, deram sugestões e nos ajudaram a encaminhar soluções coletivas para os nossos bairros em que falta a energia elétrica. Essa Frente Parlamentar foi constituída pelos seguintes Vereadores: o Ver. Ervino Besson, que era o Presidente - com a saída dele da Câmara, este Vereador assumiu e passou a ser o Presidente da Frente Parlamentar -; o Ver. Engenheiro Comassetto, o Ver. Reginaldo Pujol, o Ver. Mauro Pinheiro, o Ver. Haroldo de Souza, o Ver. João Carlos Nedel, o Ver. Luiz Braz, a Verª Fernanda Melchionna, o Ver. Waldir Canal e o Ver. Dr. Thiago Duarte. Após isso, por diversas vezes, esses Vereadores procuraram o Presidente da CEEE e colocaram a ele a situação. Também convidamos o Senador Sérgio Zambiasi, que compareceu, e também foi um grande defensor junto à Aneel, para que fosse mudada a Resolução.

Quero aqui agradecer ao Presidente a lembrança da nossa caminhada na Vila Chocolatão, que resultou, de certa forma, numa pressão democrática para que fosse criada a Resolução. Quero dizer, com isso, que somos muito agradecidos, muito reconhecidos, mas sabemos também que ainda não está totalmente resolvida a situação; precisa ser feito um trabalho de base muito bom, principalmente pelas lideranças comunitárias. O Presidente da CEEE deixou claro que colocará à disposição instrumentos para ajudar os presidentes de associações a instalarem, nas suas vilas, nos seus bairros, nos seus loteamentos, a energia elétrica, que é tão necessária e que tanto perigo leva a milhares de famílias na cidade de Porto Alegre.

Então, eu quero aqui dizer que devemos nos unir cada vez mais, procurar estar juntos discutindo essas resoluções, para podermos fazer o outro passo para se resolver esta chaga, que é a falta de energia, que é o “gato” na cidade de Porto Alegre. Que a população pare de ter prejuízo com os seus eletrodomésticos, prejuízo com vidas, prejuízo de todas as maneiras, que abrem um rombo no salário de cada trabalhador. Se Deus quiser, em muito pouco tempo, Porto Alegre não vai ter um trabalhador, um morador, um cidadão que tenha que tomar banho frio por falta de um fio de energia elétrica.

Presidente Sérgio Camps, agradecemos a sua presença e agradecemos ao senhor o fato de ter aceitado o convite e ter... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. André Carús está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ANDRÉ CARÚS: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, uma saudação especial ao Presidente de CEEE, Dr. Sérgio Camps de Morais, por sua participação, nesta quinta-feira, na Sessão em nossa Casa Legislativa, trazendo importantes esclarecimentos.

Acredito que este tema tem um significado fundamental para a nossa Cidade e para o alcance da dignidade do ser humano, principalmente daquele que quer habitar, em condições, o seu espaço na cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. André Carús, eu não pretendo fazer nenhum pronunciamento; eu quero muito mais ouvir. Mas quero fazer um registro: quero cumprimentar o Presidente da CEEE, porque ele é o presidente de uma empresa, e dificilmente alguém tem a responsabilidade que ele mostrou agora de comparecer pessoalmente; mandaria um diretor, um assessor, mas ele veio, o que significa responsabilidade e respeito à nossa Casa. E nós o respeitamos também. Saúde e PAZ!

 

O SR. ANDRÉ CARÚS: Obrigado, Ver. João Antonio Dib. É importante destacar o que foi apresentado aqui pelo Presidente da CEEE, que são os avanços que foram obtidos com a Resolução nº 384 da Aneel; avanços estes que tiveram fundamento e foram provocados, e muito, pela Comissão Especial instalada nesta Casa, que discutiu a situação de instalação de energia elétrica nas áreas irregulares.

Esses avanços obtidos hoje são tão significativos, que chegam a ponto de a Resolução permitir que se instale energia, ainda que em caráter temporário e emergencial, naquelas áreas que geralmente não têm acesso a serviço público essencial algum.

Porto Alegre é uma cidade que possui, em todo o seu território, mais de setecentas vilas, loteamentos e comunidades em situação irregular. A situação irregular das comunidades significa a falta de acesso a serviços básicos e essenciais, e, por consequência, por desinformação e por falta de orientação, também significam desrespeito ao meio ambiente e, consequentemente, falta de contribuição aos cofres públicos. E essas comunidades acabam tendo que apelar, muitas vezes, ao conhecido “gato” e a outras situações que não estão adequadas à dignidade do ser humano. Acho que Porto Alegre e a Câmara Municipal têm muito a contribuir e a servir de exemplo a outras metrópoles e a outras Capitais do País no tratamento deste assunto. Se chegamos até os avanços da Resolução n° 384, da Aneel, muito se deve àquilo que foi construído e debatido nesta Casa.

Vejo, nas galerias, moradores, lideranças, dirigentes de associações, que, diuturnamente, batalham por conquistas de direitos básicos, direitos seus, direitos que os façam habitar o seu espaço com dignidade, para que possam, no inverno, tomar banho quente, para que possam ter água não só, Luciano, dependendo de caminhão-pipa ou das intempéries provocadas pelos efeitos da natureza. Nós precisamos conciliar ações, conciliar atitudes, conciliar programas que objetivem, partindo do exemplo obtido com a Resolução n° 384, da Aneel, apresentado aqui pela Presidência da CEEE, novas ações, para que o meio ambiente seja preservado, para que essas famílias tenham crescimento nos seus espaços e para que a Cidade possa superar esse cenário imenso de irregularidades que impõem, a inúmeras pessoas, a inúmeros cidadãos, uma vida absolutamente dotada de sérias dificuldades, que também provocam doenças e que acabam penitenciando mães, que não podem trabalhar, que não podem ter acesso ao mercado de trabalho, porque precisam estar nas suas casas superando essas dificuldades e mostrando aos seus filhos e às futuras gerações que, no futuro, não devemos mais conviver com essa série de problemas. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Mario Manfro, presidindo os trabalhos; senhoras e senhores que nos visitam; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para tratar de um outro assunto que também é importante. No jornal Zero Hora de hoje, na página 35, há uma matéria chamada “Festa Farroupilha terá que abrir contas”. Dentro da matéria, uma fala do Subsecretário, ou do representante da Secretaria da Cultura do Município, Sr. Vinícius Brum, que disse o seguinte à Câmara de Vereadores: “Não queremos polêmica. Vamos esperar que eles se organizem; daí podemos apresentar todos os documentos que estão exigindo”.

Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, a verdade é que nós estamos há bastante tempo na expectativa de que sejam trazidos à Comissão desta Casa os documentos, as notas fiscais, os documentos fiscais que deram origem, Ver. João Antonio Dib, a esses lançamentos, que eles chamam de prestação de contas dos festejos farroupilha do ano de 2009. O Sr. Vinícius está achando que nós não estamos organizados. Eu não pedi permissão aos Vereadores, não conversei com os demais Vereadores, mas o Ver. Adeli Sell, que tem estado comigo nessa empreitada de pedir a apresentação das notas fiscais, teve oportunidade de participar de uma reunião na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, presidida pelo Ver. DJ Cassiá.

Essas dúvidas são deles, não são nossas, ou ao menos não são deste Vereador. Eu até tenho dúvidas sobre os valores, em razão, Sr. Vinícius Brum, do que tenho aqui, o que posso chamar de caixa um, oficial, que me foi entregue pelos representantes da Comissão Estadual e Municipal. Quero acreditar que o que está aqui é verdadeiro.

Ocorre que, dessas pessoas que fizeram parte desta Comissão, com os problemas que eu não quero saber, originou-se um determinado grupo de pessoas que apresentaram a este Vereador um extrato, que chamo de caixa dois; e outro grupo, que me apresentou outro extrato, que chamo de caixa três.

Olha, é muito fácil fazer mau juízo das pessoas. Essa é a coisa mais fácil que tem. Agora, os senhores têm que entender que nós queremos, primeiro, cumprir a nossa obrigação, que é fiscalizar; segundo, poder fazer a defesa dos senhores. Na primeira reunião que tivemos, aqui nesta Casa, que foi lá no dia 18 de maio, já ficou acertado que os senhores teriam que trazer os documentos. No dia 1º de junho, eu não sei o que fizemos lá, que só conversamos - nós reforçamos que queríamos ver as notas fiscais.

Eu não vou fazer, por escrito, para a Comissão, como os senhores estão pedindo, agora, porque está mais que claro que queremos as notas fiscais. E também não vou ficar aqui, o ano inteiro, falando a mesma coisa. Ou os senhores apresentam, ou vou levar ao Tribunal de Contas. Eu acho que isso não seria bom. Melhor seria se pudéssemos nos entender aqui. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Ver. Mario Manfro, na presidência dos trabalhos; colegas Vereadores e colegas Vereadoras, quero aqui cumprimentar o Presidente da CEEE, Sérgio Camps, e toda a sua equipe que aqui está. Sejam sempre bem-vindos a esta Casa para construirmos políticas que sejam resolutivas, que apresentem resoluções para os nossos problemas e para os problemas da Cidade.

Quero registrar que está aqui entre nós também a equipe da CEEE. E a Rosane Soares, sempre prestativa, vem sempre a esta Casa e dialoga com as comunidades. Creio que, a partir de agora, Rosane, a sua tarefa será bem mais facilitada, porque temos uma política em construção para, efetivamente, resolvermos a ansiedade das comunidades pela falta de energia elétrica. Cumprimentando a UAMPA, que está aqui no Plenário, cumprimento todas as lideranças comunitárias.

Sobre o trabalho da reforma urbana - falo aqui em nome de todos os colegas Vereadores e Vereadoras que compõem a nossa Frente Parlamentar pela Reforma Urbana, junto com a Frente Parlamentar pela Energia Elétrica, coordenada pelo Paulinho -, estamos fazendo uma Frente plural, uma Frente para avançarmos em um item da regularização fundiária. Lideranças aqui presentes, sabemos que a energia elétrica não vai resolver o problema da regularização como um todo, mas, pudemos avançar nesse item, que é essencial, em que o Brasil todo avança hoje. O Programa Nacional que foi implantado, Luz para Todos, trouxe para o século XXI 14 milhões de pessoas que viviam no século XIX. Esse Programa estava destinado, na sua ampla maioria, para o campo, para as comunidades distantes, na Amazônia ou em atividades ligadas ao meio rural. Quatorze milhões de pessoas clicaram no botão, saíram do século XIX e foram para o século XXI, porque nós sabemos o que significa a energia elétrica.

Aqui, em Porto Alegre, nós possuímos ainda 750 vilas irregulares, nas quais falta a energia elétrica, falta o saneamento, falta pavimentação, falta estrutura relacionada às questões sociais da Educação, da Saúde, o transporte é precário, as pessoas têm que andar no barro, o esgoto corre no leito da rua - em 750 vilas! Portanto é uma responsabilidade nossa avançarmos. O Presidente da CEEE vindo aqui, com a Agência Nacional de Energia Elétrica assumindo, politicamente e administrativamente, uma Resolução construída para todo o Brasil, a partir da nossa Cidade - a possibilidade da energia elétrica -, isso é um avanço!

Agora, não é só de leis que nós fazemos a realidade. O Presidente falou que há disponível, no Orçamento, em torno de três milhões. Presidente da CEEE, nosso Presidente da Casa e Líder do Governo, sabemos que esse dinheiro é quase nada para o tamanho do problema que nós temos. Portanto, acho que é tarefa nossa nos debruçarmos no Orçamento que virá logo, logo e dialogarmos com o Prefeito Fortunati para que seja estipulada uma verba específica do Município para poder contemplar o maior número possível de comunidades que necessitam energia elétrica, porque, senão, três milhões é muito pouco pela quantidade de comunidades que nós temos. Portanto, é uma tarefa que cabe a todos nós. Desde já, temos de fazer um diálogo, construir esta possibilidade.

Sr. Presidente, logo após, eu peço Liderança em nome da Bancada do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, para poder terminar o raciocínio. Dito isso, essa é uma tarefa.

Agora, nós temos outra tarefa que temos que resolver com o Executivo Municipal. E eu tenho certeza de que o espírito do Prefeito Fortunati é de dar guarida, é de dar apoio a esta política e implementá-la. Se nós seremos a capital da Copa, em 2014, e o mundo todo virá nos ver, como o mundo está lá em Soweto, hoje, vendo a maior comunidade negra do mundo, que era excluída e que está chegando à infraestrutura, nós temos que ter, aqui, as comunidades... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Temos que ter as comunidades não só iluminadas pela energia elétrica, mas iluminadas pela luz da cidadania, porque, no momento em que se tem uma conta de energia elétrica, se pode ir a qualquer cadastro apresentar o local de residência - o que nas vilas irregulares não tem. Quem não tem um atestado de residência não é um cidadão, não exerce sua cidadania, porque ele não consegue um emprego, não consegue um crédito, não consegue, na Caixa Econômica Federal, pegar os recursos que têm para a construção da sua casa; não consegue fazer a compra de uma máquina de lavar ou de um fogão. Portanto, isso, Presidente Camps, abre outras portas para a afirmação da cidadania.

Faço questão de trazer essa ênfase, porque esse não é só um trabalho técnico, como o senhor mesmo disse aqui; é um compromisso plural de afirmação de cidadania, compromisso político daqueles que militam para que a cidade inclua e não para que a cidade exclua.

Ali está o Jardim Marabá, e eu me lembro do carnaval de 2007 ou 2008, quando fomos chamados em pleno carnaval, pois tinha pegado fogo, e lá estava a Brigada Militar, junto com as equipes, sim, da CEEE, cortando todas as ligações clandestinas que estavam com 40 graus, em pleno carnaval. Bom, sua Diretoria entrou em ação, foi lá, fez uma negociação, refez aquela visão que estava equivocada naquele momento. Mas essas situações certamente deixarão de existir, e é um primeiro passo para que os projetos de regularização fundiária avancem.

Eu dizia aqui: nós precisamos dialogar, sim, com as equipes da Prefeitura, prezado Líder do Governo, Ver. João Antonio Dib; a Secretaria do Planejamento tem que vir aqui; o DEMHAB tem que vir aqui; o Núcleo de Regularização Fundiária tem que vir aqui, porque alguns aceitam simplesmente a inscrição como ­AEIS, algumas orientações técnicas; outros não aceitam. Então nós temos que nivelar o padrão que a Prefeitura vai aceitar neste momento, para nós darmos sustentação jurídica e legal para que a CEEE possa avançar nesses projetos. Essa tarefa tem que ser feita, bem como a lista que o Presidente apresentou, a partir do que nós aprovamos aqui das AEIS. Mas existem muitas outras comunidades com AEIS que são feitas por Decretos do Prefeito - é permito fazer isso.

Portanto, nós temos que chamar todas essas comunidades - essas listas - e construir um programa, para que o senhor possa escalonar isso e ter uma programação para a sua execução, porque todos nós aqui, todos os senhores e senhoras, querem ser os primeiros, mas nem todos vão conseguir ser os primeiros. Desse modo, nós temos que fazer um programa que tenha início, meio e fim, em que todos sejam incluídos, que não fiquem alguns beneficiados e outros sendo excluídos. Para isso, nós temos que construir políticas; para isso, nós temos que ter recurso; e, para isso, nós temos que continuar esse trabalho, Paulinho, das Frentes Parlamentares, junto com as Comissões Permanentes desta Casa; temos que construir um pacto: nós vamos ajudar a montar esse programa e ajudar, junto com as comunidades, a listar todas as comunidades que têm direito, para que a CEEE faça esse programa.

Pessoal, todos os Vereadores que estão aqui, de todos os Partidos, têm companheiros que estão lá no Congresso Nacional, e todos fazem emendas para os seus Municípios; por que nós não podemos construir uma emenda coletiva no Orçamento da União também para colocar recursos nesse entendimento, recursos para ajudar a CEEE a colocar energia elétrica nas comunidades? E por que não, Sérgio, nós irmos ao Governo do Estado para aumentar o orçamento neste sentido para a eletrificação?

Portanto, esse tem que ser um trabalho republicano: é do Município, é do Estado e é da União; é das comunidades, é do Executivo e é do Legislativo.

Em nome da nossa Bancada, do Partido dos Trabalhadores, de todos os sete Vereadores, somos parceiros, e temos contribuições objetivas e sérias para que esse programa não fique só nesse debate. Acreditamos no trabalho que o senhor está desenvolvendo e no da sua equipe. Já elogiamos a Rosane Soares, que tem feito um trabalho muito prestativo no diálogo conosco. Muito obrigado, um abraço a todos. Na quinta-feira que vem, às 19 horas, as nossas duas Frentes, a da Reforma Urbana e a da Energia Elétrica, vão fazer um debate aqui na Casa, já com os membros técnicos do Governo, para nós avançarmos... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, em respeito à presença do Presidente da CEEE, eu abro mão da Comunicação de Líder, para nós podermos dar continuidade ao tema específico. Em seguida, vou me inscrever em Comunicação de Líder, para me manifestar sobre a matéria do jornal Zero Hora.

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, técnicos da CEEE que nos acompanham, público que nos assiste, quero saudar as comunidades aqui representadas, Comunidade Habitacional Santo Antônio, Moradas da Colina, Loteamento Quinta do Portal, Condomínio Mariante, Sertão II, Estrada João Passuelo, Loteamento Luiz Guazzeli, Cooperativa Habitacional 4 de Junho, Vila 1º de Maio, Vila Pitinga I e II, Condomínio Mariante, Primavera, Pitangueira, Beco do Jesuíno, Beco do Sabino, Beco do Pradinho, Beco do Stringuini, Loteamento Osmar Pereira e outros.

Em primeiro lugar, quanto a esse assunto da questão da infraestrutura, é importante que se diga e que se tenha como referência o fato de, no ano de 2000, a CEEE ter sido barrada no processo de privatização e ter sido recuperada como empresa pública, importante e estratégica para o nosso Estado. Hoje, se não estou errado, a CEEE, em termos de capital, é uma das dez maiores empresas do Rio Grande do Sul. E essa questão da carência, da necessidade de regularização da energia elétrica nas vilas é uma luta de longo tempo. Eu lembro, por exemplo, que, quando o Governador Olívio Dutra comandava o Estado do Rio Grande do Sul, que foi feito um modelo especial para atender esse tipo de necessidade, com aquele poste especial, com um medidor especial, enfim, que custava menos, e assim se regularizou o abastecimento, o fornecimento de energia para inúmeras vilas. O caso mais exemplar é a Vila Ecológica, por exemplo, nesse particular.

No entanto, mesmo com as previsões, nós temos que considerar, Presidente, que ainda está muito lento o processo de atendimento da CEEE. E eu cito isso, porque a Assembleia Legislativa tem debatido esse assunto através da Comissão de Serviços Públicos e de outras parcerias como, por exemplo, as parcerias com a Aes Sul e a RGE têm sido muito mais ágeis em produzir soluções para esse tipo de problema, em relação à CEEE, o que não se justifica, porque a CEEE é uma empresa pública muito capitalizada, com muito poder de fogo e tem dado as respostas de maneira muito lenta e muito burocrática. Portanto, isso precisa ser alterado, porque a CEEE, sim, foi recuperada, foi salva estrategicamente como empresa pública, tem capacidade, ela não depende de orçamento de outros; ela pode, sim, acessar facilmente financiamentos e ela pode, regularizando, arrecadar muito mais recursos, porque hoje ligações que estão na condição de “gatos” não são arrecadados pelo Poder Público.

Então eu quero fazer esse registro, porque aqui estão representadas inúmeras comunidades que precisam, que lutam, que esperam o fornecimento de energia há anos, inclusive com menos dependência da questão da dita solução de regularização do terreno para que tenham esse serviço. Digo isso, porque, quando fui Diretor do DMAE, fiz o serviço de extensão de água como garantia de Saúde pública em todas as vilas, independentemente da solução da questão fundiária. E eu acho que é assim que as empresas públicas e os governos que têm compromisso com o povo devem se orientar, porque, acima de tudo, a nossa finalidade é, como entes públicos, como órgãos públicos, como agentes da ação pública, garantir qualidade de vida e bem-estar a toda a população, inclusive passando por cima de uma série de entraves burocráticos que não adiantam e não ajudam na vida. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Toni Proença está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Srs. líderes comunitários; membros das comunidades que nos visitam, quero cumprimentar, com muito entusiasmo, o Diretor-Presidente da CEEE, Sr. Sérgio Camps. Quero registrar que, por muitas vezes - lembrou isso o Ver. Dib -, convidamos a comparecer nesta Casa Secretários do Município, dirigentes de instituições, e fomos contemplados com o terceiro e quarto escalão - não que isso venha em demérito a esses escalões. O Presidente de uma das maiores companhias energéticas do País se dispõe a passar uma tarde não só ilustrando a nós, Vereadores, e às comunidades as novas possibilidades de fornecimento e de regularização de energia elétrica, principalmente para os loteamentos irregulares, como debatendo com os Vereadores essas possibilidades. Quero, portanto, louvar a sua disposição e me congratular com essa maneira e esse espírito público de conduzir uma empresa estatal.

Também quero cumprimentar o meu amigo Ricardo Munhoz, que esteve operando o nosso PowerPoint com muita competência. O Ricardo, para quem não conhece, é a pessoa a quem nos socorremos quando temos alguma emergência ligada à CEEE, e ele faz isso com muita atenção, muita dedicação e muita competência.

Quero dizer, principalmente às comunidades, que tem razão o Ver. Comassetto, tem razão a Verª Maria Celeste, tem razão o Ver. Paulinho Rubem Berta, tem razão o Ver. André Carús e tem razão o Ver. Todeschini de que nós, agora, temos o instrumento e a ferramenta para começarmos a enfrentar o problema da regularização de energia elétrica em Porto Alegre - no Brasil todo, mas tratamos de Porto Alegre por estarmos na Câmara Municipal de Porto Alegre.

O que temos que fazer agora é um grande esforço, um mutirão entre comunidade, Câmara de Vereadores, Prefeitura Municipal, Ministério Público, quando for o caso da necessidade de um TAC, e Governo do Estado, através da Companhia de Energia Elétrica, a CEEE, para que possamos regularizar o fornecimento de energia, que, além de uma questão de segurança, de economia, também é, como disse bem o Ver. Comassetto, um instrumento de cidadania, pois o principal atestado de residência exigido em todas as instituições de crédito no Brasil é a conta de luz, já que na conta de água não consta o nome do usuário.

Portanto, estamos diante de uma bela e boa oportunidade. O desafio que se impõe agora é somar esforços. Vejo aqui a nossa Coordenadora do Escritório de Regularização Fundiária do Município, a Procuradora Simone Somensi, que também é uma aliada desta causa.

Quero deixar esta mensagem às comunidades que nos visitam, que vieram interessadas neste tema, que é um tema que ainda representa uma chaga social em Porto Alegre, mas agora temos o instrumento, a vontade política, a decisão da Presidência da CEEE, a decisão da Aneel, através da Resolução, e a vontade não só da Câmara. Temos que fomentar essa vontade no Executivo Municipal para enfrentar esse problema da regularização pouco a pouco. Não é uma tábua de salvação, não é uma varinha de condão com a qual nós vamos resolver todos os problemas, mas agora, que temos os instrumentos, é arregaçar as mangas e trabalhar! Parabéns ao Sérgio Morais! Tenho orgulho saber que pertencemos ao mesmo partido. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sr. Presidente da CEEE, Sérgio Camps de Morais, quero saudá-los. Aproveito para saudar as comunidades que nos acompanham num debate tão importante para a Cidade, e as equipes de regularização fundiária da Cidade. Venho trazer duas constatações e uma sugestão para que a gente possa avançar. Primeiro, a seriedade dos dados apresentados pelo Presidente sobre 418 comunidades ainda irregulares na Cidade de Porto Alegre. Isso não pode ficar, para nós, Vereadores, nós, como Legislativo, Instituição, como apenas um dado de uma apresentação. É parte de um esforço político e de um avanço, na nossa opinião, a partir da Resolução 384, da Aneel, mas não pode ficar minimizado na importante apresentação que foi feita pelo Presidente Sérgio Camps.

Quatrocentas e dezoito comunidades irregulares, isso significa milhares de pessoas na cidade de Porto Alegre que ainda não obtiveram ou a regularização fundiária, ou a transferência para áreas regulares; portanto fora das áreas de risco. Nós sabemos que centenas de porto-alegrenses ainda vivem em áreas de risco na nossa Cidade, e isso tem que ser encarado como um grave problema social, para que o Município dispense recursos públicos no sentido dessa regularização. Por que digo isso? Durante a discussão do Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, nós defendemos uma Emenda apresentada e aprovada pelo Fórum de Entidades que dizia que todo recurso do Solo Criado, ou seja, o “andar a mais”, digamos assim, que se vai construindo na cidade de Porto Alegre - isso tem que ser pago para a Prefeitura - fosse usado na regularização fundiária. Nós sabemos que esse é um processo caro e que precisa ter recurso, mas, naquele momento, as entidades apresentaram de onde sairia o recurso. Lamentavelmente, o Governo não aceitou essa proposição, a Emenda foi derrubada e, portanto, seguimos com o problema de recurso para a regularização fundiária. Nós temos que batalhar por todos os recursos oriundos ou do Solo Criado, ou dos projetos especiais, ou da venda de terrenos, o que, na nossa opinião, muitas vezes é ruim para a Cidade, porque se vendem terrenos em áreas nobres que poderiam servir para a regularização fundiária. Mas, mesmo nesses casos, o recurso deveria ir para essa política de regularização fundiária.

Segundo, hoje fica impossível pensarmos em dignidade humana, na possibilidade de vivência em comunidades sem o acesso à energia elétrica. Com o frio que vem fazendo na nossa Cidade - como ontem, por exemplo -, pensarmos em um banho quente, no acondicionamento dos alimentos, em um mínimo de cidadania e de dignidade passa pela luta pela energia elétrica, pelo saneamento, pela água. É muito importante que estejamos debatendo sobre isso neste momento, porque, dez anos atrás, dizia-se que essas obras tinham que ser privatizadas, que a energia elétrica tinha que ser privatizada para funcionar, que a telefonia tinha que ser privatizada para funcionar, que a água deveria ser privatizada para funcionar. E nós vimos que, com a privatização, o que aumentou foi o custo da tarifa. O telefone aumentou quase 700% para o usuário lá na ponta, e dificultou-se o acesso aos serviços básicos, que têm de ser de responsabilidade dos Governos - do Executivo, do Governo do Estado, do Governo Federal.

Felizmente, Presidente Sérgio, houve um fruto do avanço das lutas sociais, das lutas do povo, da luta do povo da Vila Chocolatão. Eu também, junto com o Ver. Pedro Ruas, acompanhei toda essa luta por energia elétrica, e podemos hoje dizer que, sim, avançamos, houve uma conquista. A partir de agora, é possível, sim, fazer concessão de energia elétrica em áreas irregulares, conforme as modalidades que o senhor nos apresentou, mas, certamente, isso é um avanço democrático, uma conquista de direitos, e temos o dever de garantir essa conquista.

Então eu queria sugerir que nós, Vereadores, pudéssemos fazer uma frente em defesa de concurso público para a CEEE, porque há três milhões de reais lá. Se o Presidente acha que pode ser feito um mutirão de outra maneira, pergunto-lhe também por que tem o recurso, e falta mão de obra, falta possibilidade de estrutura. Como fazer um movimento para garantir que os três milhões de reais sejam executados o mais rápido possível para garantir energia elétrica? E gostaria de lhe perguntar também como garantir a Tarifa Social, quais os valores... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; nosso Diretor-Presidente do Grupo CEEE, amigo Sérgio; Sras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores aqui presentes, já se falou bastante na tarde de hoje, mas eu não poderia deixar de estar aqui, em meu nome, particularmente, e no do meu Partido, para registrar a importância desta discussão na Câmara Municipal de Porto Alegre. Como fez o Ver. João Dib, eu também quero registrar a importância de estar conosco o Presidente da CEEE nesta discussão, e também quero registrar a importância que é ter conosco, nesta tarde, diversas pessoas, senhoras e senhores, para participar desta discussão. Nós - e eu, particularmente, desde 1989, e alguns Vereadores muito antes - estivemos envolvidos com questões desta Cidade, Porto Alegre, a Capital do Estado.

E, lá, desde 1989, 1990, quando se iniciou, aqui na Cidade, o movimento participativo, a discussão do Orçamento, o nosso conhecido Orçamento Participativo, meu caro Ver. Todeschini, desde lá é que se trava esse importante debate, que se vê e se pôde acompanhar essa que é uma luta histórica para nossa Cidade: as áreas irregulares. E eu sei, porque a todos nós, praticamente, nós, Vereadores e as senhoras e senhores que estão aqui presentes sabem, sabemos o quanto de entrave o Poder Público, notadamente a Prefeitura Municipal, colocava e ainda coloca quando se diz que a área é irregular.

E lembro bem de que, quando as comunidades envolvidas no Orçamento Participativo conquistavam uma pequena obra pública, lá estava alguém insensível a dizer que lá não se poderia executar aquela obra, Vereadores e Vereadoras, lá não se poderia executar aquela obra, porque se tratava de uma área irregular. Eu sei a luta do cidadão de Porto Alegre, residente nessas áreas, para conquistar essas pequenas ações públicas que, normalmente, não vinham, e, aliás, ainda não vêm, ou, se vêm, vêm muito pouco.

Eu tive o prazer de ter sido Diretor-Geral do DEP - assim como o Ver. Todeschini, no DMAE -, e sei o que é uma comunidade debaixo d’água, meu caro Ver. João Dib, que faz uma demanda, e àquela demanda se diz técnica e insensivelmente: “Não aqui não pode fazer, porque é irregular”. Então é uma boa notícia essa ação e essa decisão, meu caro Sérgio, da possibilidade de começarmos a execução de serviços de energia elétrica nessas áreas. Assim como também é e precisa ser uma boa notícia todos nós, Vereadores de Porto Alegre, assim como a comunidade, estarmos empenhados para a universalidade do serviço público. Isso quer dizer empenhado para que Porto Alegre toda possa conquistar serviços e obras públicas, áreas regulares ou não. E concordo com a Ver. Melchionna quando diz que o primeiro passo é a regularização... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sr. Sérgio Camps, Presidente da CEEE; demais participantes da CEEE, nesta Casa, no dia de hoje, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; quero saudar também, especialmente, os representantes da PGM. Obrigado pela participação de vocês. A vinda de vocês aqui é de suma importância, porque a regularização fundiária do Município passa pela PGM, e esse trabalho é muito importante.

Nós estávamos aqui ouvindo hoje os vários colegas que me antecederam, trazendo vários assuntos. Eu quero dizer que, seguidamente, quando trago um assunto aqui nesta Casa, recebo críticas e insisto em recebê-las quando eu digo que fazer regularização fundiária não é insistir com a teimosia de pegar os invasores de uma determinada área e fazer a regularização fundiária ali naquele local. Eu vou citar um exemplo: desde 2005, quando tive a oportunidade de chegar a esta Casa, que eu faço críticas àquilo que foi feito na entrada da Cidade. Hoje, a nossa Rodoviária, por exemplo, está ultrapassada, e quase não se vê uma possibilidade de transferir a Rodoviária para outro local. Agora, aquelas pessoas que foram assentadas ali ao lado da Rodoviária poderiam ter ido para um outro local, como Vila Nova, Belém Novo ou, enfim, tantos outros locais. Esses procedimentos simplórios de dizer que as pessoas precisam ser aproveitadas ou realocadas nos locais onde invadiram resulta nisso que aí está. Também não sou favorável, não, a regularizar aqui a Vila dos Papeleiros; sou favorável a que essas pessoas recebam um local digno para morar - não ali. Eu vejo ser de suma importância a sua vinda aqui, Diretor Camps, acho fundamental. Eu só lamento que seus antecessores não fizeram isso que o senhor está fazendo, até porque tenho clareza de que é muito mais importante para a CEEE regularizar e começar a receber do que manter essas ligações clandestinas, o que não traz Receita para a CEEE. Os senhores também estão vendo esse lado importante, porque quem consome deve pagar, sim, dentro das limitações de cada um - eu enxergo dessa maneira. Então, quero cumprimentá-lo e reconheço que os senhores estão fazendo um trabalho importante para a CEEE, e não é feio, é bonito.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Bernardino. Gostaria de saudar o Presidente Sérgio Camps e dizer também que a gente vem de uma família de pessoas que trabalharam na CEEE. O meu pai, que já nos deixou, Carlos Fraga, trabalhou muitos anos na área de distribuição da CEEE, foi Diretor; então a gente tem uma vivência de como a energia elétrica transforma uma comunidade. E essa disposição de levar a energia elétrica às comunidades carentes é fundamental, porque não está se levando apenas energia, está se levando saúde e dignidade para as pessoas.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Manter, por exemplo, aquilo que está ali na Vila Chocolatão da forma como está hoje, cheio de "gatos” - que são essas ligações clandestinas -, é favorecer os acidentes, os incêndios, como têm ocorrido, sem contar que a CEEE fica sem essa Receita, e uma empresa precisa de Receita, não podemos esconder isso, não é feio uma empresa defender a Receita.

Por outro lado, para finalizar, quero dizer ao Ver. Toni Proença que agora eu já sei: quando chegarem ao meu gabinete para pedir facilitação de ligações, enfim, essas situações todas que, muitas vezes, precisam ser resolvidas com urgência, eu sei que V. Exª está lá à disposição, em razão até de os Diretores serem do seu próprio Partido também. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. NELCIR TESSARO: Ver. Mario Manfro, que preside esta Sessão; cumprimento o Presidente da CEEE, Sr. Sérgio Camps; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, comunidades aqui presentes, que já estão há mais de ano discutindo esse problema da regularização da energia elétrica, para a qual, na Comissão Especial que criamos na época, foi dado o nome de Luz Legal. Essas famílias, hoje, têm todo o interesse em pagar a sua conta de luz, o seu gasto de luz. Nós sabemos que foi uma luta que tivemos - o Ver. Paulinho Rubem Berta sabe disso -, foi um acordo judicial que fizemos quando eu estive presente, no dia 21 do mês de março de 2008, perante o Foro do Sarandi, e lá acordamos com a juíza. Saiu um ofício para a CEEE, e a CEEE prontamente atendeu a Vila Amazônia, e a CEEE gastou, naquela época, 232 mil reais e lá colocou energia limpa para aquelas famílias que não tinham condições de manter os seus equipamentos ou de ter um chuveiro quente. E nós vimos como foi importante aquele trabalho. Eu também percorri esta Cidade enquanto estive Presidente da Comissão Especial de Energia Elétrica, e constatamos que há ruas na Cidade, como o Beco da Vitória, que em parte delas já existe a regularização e as caixas de luz, mas, na metade delas, que é na sequência, não há. Então eu entendo que a instalação de energia elétrica deveria ser casada com a regularização fundiária, porque é muito importante não só colocarmos a energia, mas regularizarmos os loteamentos irregulares da Cidade para fazermos com que as famílias possam, sim, ter o seu título de propriedade, ter a sua casa mais decente e buscar, tendo o seu título, perante a Caixa Econômica, financiamento para adequar a sua construção. Também nós entendemos que, com a flexibilização da Resolução da Aneel, Verª Fernanda Melchionna, nós podemos fazer, quem sabe lá, um mutirão para que aquelas famílias que já estão com um traçado praticamente correto, ou que tenham o levantamento topográfico, possam ter a sua energia, a sua luz legalizada, ficando elas contempladas com uma energia provisória. E para aquelas vilas que correm riscos, que serão transferidas, que também sejam contempladas com uma energia provisória, mas um tipo de energia que não traga prejuízo para a CEEE. Já que a CEEE está tendo prejuízo, em razão dos “gatos”, quem sabe ela possa colocar cabos e postes provisórios para que haja a instalação, em cada casa, de um relógio, de um medidor, passando essas famílias a terem acesso à energia elétrica.

 

O Sr. Paulo Marques: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria cumprimentar e dizer também da necessidade, da importância, da regularização dessa questão da energia. Quando eu fui Secretário Adjunto da Defesa Civil, e muitas vezes eu vi famílias serem dizimadas em função desse maldito “gato” de luz. Essa Resolução vem, sem dúvida nenhuma, salvar vidas. E o conceito que nós temos que dar, Ver. Tessaro, mais do que pensar na questão da regularização fundiária, é que nós precisamos pensar em salvar vidas, e eu acho que é isso que essa Resolução vai fazer. Para dar um exemplo, a Vila Gaúcha é uma vila totalmente afastada, com casas de material, mas, se vocês forem até lá, vocês ficarão impressionados com essa questão do “gato”.

 

O SR. NELCIR TESSARO: Então, Presidente, vamos trabalhar, juntamente com aquelas comunidades que participaram de todas as reuniões e que tiveram suas áreas declaradas de Interesse Social. No início do mês de agosto, nós deveremos votar mais 14 Áreas de Interesse Social e deveremos trabalhar com essas áreas com o critério de que elas tenham um levantamento topográfico, que tenham, no mínimo, um traçado que não vá prejudicar o traçado viário, na busca de uma solução provisória; uma solução provisória que faça com que haja uma arrecadação por parte da CEEE e que leve um mínimo de dignidade para essas famílias, pois, principalmente no inverno, é desumano nós vermos algumas crianças terem que ir à escola sem poder tomar um banho, porque o banho é gelado. É uma questão de dignidade humana nós trabalharmos para que todos possam ter energia elétrica. Se temos o Projeto Luz para Todos, do Governo Federal, que é muito importante, vamos trabalhar pelo Projeto Luz Legal, que também é muito importante para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Antes de passar a palavra ao nosso convidado, Presidente Sérgio Camps de Morais, eu gostaria de devolver a presidência dos trabalhos ao Ver. Nelcir Tessaro.

O Sr. Sérgio Camps de Morais está com a palavra para suas considerações finais.

 

(O Ver. Nelcir Tessaro reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. SÉRGIO CAMPS DE MORAIS: Eu gostaria de agradecer imensamente as manifestações aqui da Casa e reiterar que isso é um programa conjunto. Como alguns manifestaram, eu acho que isso é uma conquista democrática. A Câmara de Vereadores cumpriu a sua função, e é importante quando isso ocorre, porque a política no Brasil sofre grandes desgastes. Quando a democracia conquista coisas, avança, é um progresso para todos, reafirma que o método da democracia, com todos os seus defeitos, com a sua lentidão às vezes, é o melhor dos métodos para resolver as questões da convivência social e da constituição de uma sociedade mais justa.

Primeiro, é importante que a Câmara tenha uma Comissão, a CEEE pode se integrar nessa Comissão, podemos discutir, fazer uma programação conjunta com a Casa sobre as Áreas Especiais de Interesse Social. E a partir daí, o nosso cronograma de obras pode ser construído conjuntamente com a Câmara de Vereadores, com a Prefeitura. Estamos abertos a fazer isso.

Em segundo lugar, três milhões de reais é o orçamento que dispusemos, e o Ver. Engenheiro Comassetto disse que vai ser pouco, mas não é tão pouco, dá para fazer muita coisa. O Ver. Nelcir Tessaro lembrou aqui que se gastou, na Vila Amazônia, 260 mil reais. Aqui na Vila Chocolatão a CEEE gastou 150 mil reais, e fez tudo o que fez. Então, com 200 mil reais se pode fazer uma obra em uma vila de não pequena dimensão. Três milhões de reais é uma quantia importante, boa, e, para começar, acho que está muito bem.

Qual é o problema da lentidão que a Vereadora mencionou? Vereadora, infelizmente, neste momento, no Rio Grande do Sul e em quase todo o País, há escassez de mão de obra na área da eletricidade, nas obras de eletrificação. Por quê? Porque a construção civil está aquecida, e a maioria das empreiteiras que trabalharam na área de eletricidade foi para a área da construção civil, porque o custo da mão de obra é mais barato. O trabalhador da área elétrica tem que ser mais treinado e mais qualificado. Nós estamos com dificuldade até para contratar para o Luz para Todos, que também está demandando, e nós não temos empresas disponíveis para fazer obras na nossa área de concessão. Temos feito licitações, e não aparece ninguém. Então, a capacidade de execução é limitada; a capacidade de absorção de mão de obra pela CEEE, através de concurso - estamos contratando -, tem limitadores por conta da nossa Receita. Isso a gente tem que equilibrar.

Qual é a limitação da nossa atuação? E o Ver. Carlos Todeschini diria que a limitação é a legalidade. Hoje nós somos regulados por uma agência que, quando atuamos fora da Lei, nos multa, e multa pesado. Não é pouca coisa. A CEEE paga alguns milhões, às vezes, por conta de multas. E as outras distribuidoras também. Quando nós saímos da legalidade das regras da Aneel, somos autuados e multados financeiramente. Nós temos que obedecer a essa legalidade. Por isso é uma conquista muito importante esta Resolução que flexibiliza e nos dá maior margem de manobra e de atuação.

Sobre a tarifa, podemos construir caso a caso, e eu quero citar o caso da Vila Chocolatão. Nós fizemos uma construção com a comunidade, e por isso que eu volto a lamentar a perda do Léo. O Léo foi um líder comunitário do bem, que nos ajudou a construir esse Projeto. Não haveria essa rede sem o Léo, e isso é uma dívida dessa Vila. Ele foi um militante da cidadania naquele lugar. Por isso é uma perda para o Estado, e o Estado sofre uma derrota quando o tráfico se impõe às leis da sociedade. O que nós construímos ali? Ali nós fizemos essa rede, e a tarifa para as famílias é de R$ 3,61. Essa é uma tarifa social que tem limitações: é uma rede monofásica, tem um teto de consumo de até 30 quilowatts-hora. É pouco, mas já permite ter conta de luz, e é uma tarifa absolutamente abordável mesmo para uma família de baixa renda. Aí se pode ter, em algumas outras, um consumo um pouco maior, mas nós estamos abertos a isso; dentro dos limites das regras da Aneel, nós podemos ser muito flexíveis, o mais flexíveis possível para atender o nosso objetivo, o de que as pessoas tenham acesso à energia elétrica.

Eu queria concluir agradecendo as menções. É um dever meu estar aqui, estou aqui como Presidente de uma empresa estatal, uma empresa pública importante, uma das mais importantes do Estado do Rio Grande do Sul, mas estou aqui também como um militante político que sou, do Partido do Toni, do Paulinho, do Elias. Pela minha experiência de vida, de militante da esquerda brasileira, estou na Presidência da CEEE com este mesmo espírito, o de obedecer aos meus conceitos e àquilo que acho justo e assumir responsavelmente aquilo que... Uma empresa pública precisa sobreviver, ela precisa ter Receita e precisa gastar de maneira equilibrada. Por isso a minha maior tarefa, dentro da CEEE, tem sido buscar Receita, financiamento - isso é uma coisa importante, uma conquista para a Companhia. Nós conseguimos aprovar, junto ao Governo Federal, duas Cartas-Consultas junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento; é um empréstimo de 330 milhões de dólares - não é pouco recurso - para as obras, inclusive, da Copa de 2014 e que vão beneficiar também o trabalho de regularização, porque vamos ter em Porto Alegre mais energia e de muita melhor qualidade. Nós vamos construir 12 subestações novas em Porto Alegre; hoje temos 14, então vamos quase dobrar. Isso significa mais energia e de muito melhor qualidade. Esse recurso está garantido, com a aprovação do BID. Estou fazendo também um trabalho de construção de um empréstimo internacional de emissão de eurobônus em torno de 400 milhões de dólares, que, se for aprovado pelo Governo Federal, autorizado - nós precisamos da autorização -, será um empréstimo de dez anos, de longo prazo. Hoje, nós temos que nos financiar no mercado interno, o que é muito mais caro, e os prazos são mais curtos. Isso vai fortalecer, enormemente a capacidade da CEEE de se expandir, de atender melhor os consumidores da sua área de concessão, mas também para que a companhia de geração e transmissão possa crescer, porque a CEEE, geradora e transmissora, atua em todo o Rio Grande do Sul, não só na área da distribuição.

Nós estamos tornando a CEEE uma empresa mais forte e com mais capacidade de atuação. Por isso estamos atuando muito nessa área de buscar recursos para que ela possa ter estabilidade e segurança para cumprir a sua missão.

Eu não sou do setor elétrico, sou um economista; na CEEE trabalho com engenheiros. O Ricardo Munhoz é meu assistente, é um engenheiro de quase 30 anos de casa, e tenho dito a eles que os engenheiros acham que a energia é uma coisa importante, sempre se imaginou energia elétrica importante para economia, para o funcionamento da indústria, do comércio, dos serviços. Os engenheiros têm que ver que, hoje, a energia é cada vez mais importante para a vida das pessoas, das famílias, para o lazer das crianças, para atividade individual de cada um de nós. O que seria de um Vereador sem celular hoje? Todos esses equipamentos eletrônicos nas casas; mesmo nas vilas já há computador em muitos lugares. Sem energia não se vive quase.

A energia passou a ser um bem absolutamente primário, necessário para a vida das pessoas. Uma empresa que vive de vender energia, distribuir energia, tem um compromisso social com essa função que a eletricidade passa a ter. Tenho consciência disso, e acho que a sociedade brasileira precisa ter essa consciência e exigir os meios para que esse serviço cumpra essa finalidade de imprescindibilidade que tem hoje na sociedade moderna.

Então, senhores, muito obrigado por este espaço que foi cedido à Companhia, reitero a minha absoluta disposição. O meu gabinete está sempre aberto a todos os Vereadores. Considero que os Vereadores desta Casa têm total legitimidade para transmitir qualquer pleito junto à Companhia.

Portanto, as portas da Diretoria e da Presidência da CEEE sempre estarão abertas. Muito obrigado aos senhores. Desejo-lhes um bom trabalho. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado, Presidente Sérgio Camps, agradecemos pela sua presença. Tenho certeza de que, com esses três milhões de reais do Programa de Eletrificação em áreas irregulares, ditos que há no orçamento, poderemos, sim, atender muitas comunidades em Porto Alegre.

Hoje a Sessão Temática foi proposta pela Frente Parlamentar pela Regularização da Energia Elétrica, Reurbanização. Agradeço ao Ver. Paulinho Rubem Berta, ao Ver. Comassetto e a todas as comunidades que estão presentes aqui.

Tenho certeza de que, em breve, vamos conseguir fazer com que as nossas vilas de Porto Alegre tenham luz, nem que seja provisória. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h35min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro – às 16h37min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NILO SANTOS: Ver. Mario Manfro, na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhores e senhoras, faço um agradecimento especial ao Ver. DJ Cassiá, que faria uso dos cinco minutos do nosso Partido. Ver. Mauro Pinheiro, eu sei que o senhor usará seu tempo de Grande Expediente para tocar nesse assunto também, para abordar esse tema. Talvez muitos não tenham a informação ainda, Ver. Mauro Pinheiro, mas os pequenos comerciantes da Cavalhada, na Zona Sul, serão “engolidos”, Ver. Bernardino Vendruscolo, engolidos pelo Sam’s Club - Walmart. Infelizmente, a nossa Secretaria do Planejamento Municipal aprovou o Projeto, e agora vamos ter que ir para uma briga judicial, porque o Prefeito José Fortunati vai ter que analisar duas coisas: a aprovação pela Secretaria do Planejamento Municipal e o que foi aprovado nesta Casa.

Nada contra esse tipo de Projeto, desde que, na região, não existam outros pequenos comerciantes. Ver. João Dib, na Cavalhada, na Zona Sul de Porto Alegre, há várias lojas, vários atacadistas pequenos ali, Verª Fernanda Melchionna, atacadistas pequenos tradicionais. Um gera dez empregos; o outro gera 15; o outro gera cinco, são muitas lojinhas, e um atacadão desses, como o Walmart - Sam’s Club - vai, simplesmente, vender da bala ao refrigerador; vai vender da balinha ao televisor mais moderno; vai vender desde a farinha de trigo até o brinquedo. Os pequenos atacadistas, os pequenos comerciantes da Zona Sul serão absorvidos por esse grande empreendimento. Pessoas perderão emprego, com certeza, porque o pequeno atacado vai ter que fechar as portas. Ora, queremos saber, Ver. Bernardino Vendruscolo, que tão grande contrapartida é essa, que faz com que famílias tradicionais do comércio fechem as suas portas? Que contrapartida é essa, tão maravilhosa, que fará com que comerciários fiquem desempregados naquela região da Zona Sul? Que contrapartida é esta? Parece-me que há um erro lamentável dos técnicos da Secretaria de Planejamento na avaliação. Há, Ver. João Dib, sim - e nós somos da base aliada, aqui -, há um erro de avaliação técnica nisso tudo. A Zona Sul já sofreu um grande impacto ambiental com a construção do Supermercado Big da Monte Cristo; “limparam” as árvores que tinham ali, “limparam” todo aquele mato que tinha em frente ao Cemitério São José da Vila Nova. E a compensação? Foram compensações mínimas, abriram uma rua que saiu lá no loteamento, nos condomínios, nos prédios da Rua João Salomoni. Mas abriram aquela rua para facilitar o trânsito das pessoas para chegarem ao Hipermercado. Isso não é compensação. Abriram caminho para que os clientes pudessem comprar ali. Mas que compensação é essa, senhoras e senhores? São vários comerciantes que vão ter que fechar as suas portas para, mais uma vez, o Walmart ser beneficiado. E depois dizem que nós pegamos no pé, Ver. Brasinha. Depois dizem que nós pegamos no pé dos grandes empresários! Mas tem que haver uma compensação! O que será realizado, senhoras e senhores, com os pequenos comerciantes, Ver. Mauro Pinheiro? Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu quero fazer, antes, um Requerimento. Eu gostaria que nós entrássemos diretamente na Ordem do Dia. Só tem um processo para ser votado, mas é da mais alta relevância para o Município e não vai haver debate, tranquilamente, porque as manifestações que aconteceram mostram que situação e oposição estão de acordo. Se os nobres Vereadores aqui presentes concordarem, nós podemos fazer isso e, depois, passamos ao Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Diretor Legislativo informa que não poderia ser Ordem do Dia; nós teríamos que encerrar esta Sessão e abrirmos uma Sessão Extraordinária. Teríamos que ter a aquiescência dos Vereadores que estão inscritos em Grande Expediente; teria que haver um acordo.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, vou falar em Liderança do meu Partido, o Partido Progressista, porque vou ser muito breve. Eu assisti ao nobre e querido Ver. Nilo Santos, com o entusiasmo que o caracteriza, fazendo uma crítica contundente à Secretaria do Planejamento.

Eu quero dizer ao Ver. Nilo Santos, aos Vereadores e à Cidade, que a Secretaria do Planejamento agiu corretamente. Não tinha, senão, que dar andamento ao Processo que lá já tramitava, já estava na Prefeitura antes que a lei fosse proposta. E como se sabe, neste País, a lei só retroage para beneficiar, não pode fazer com que a empresa apresentou um projeto à Prefeitura tenha o seu projeto sustado. É o caso da Lei do Plano Diretor, que, enquanto não for sancionada, todos os projetos que entraram - todos - e que estão entrando ainda serão analisados pela Prefeitura, como se fosse ainda a vigência da Lei nº 434.

Portanto, a Prefeitura agiu dentro da lei; não errou absolutamente nada. E é por isso que eu fiz questão de falar em Liderança do meu Partido, porque eu queria esclarecer ao nobre Ver. Nilo Santos de que está tudo certo, e que a lei deveria ter sido proposta muito antes, e só pensaram na apresentação da lei quando já estava tramitando um Projeto para a execução de uma obra. Eu não estou defendendo nem estou contrariado com ela; eu não analisei. Eu vi pessoas virem aqui reclamarem dessa obra projetada, mas os Vereadores fizeram muito tarde o Projeto de Lei. O outro projeto já estava tramitando, e, portanto, está absolutamente correto, não há nada a reclamar. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Ver. Mario Manfro, na presidência da Sessão; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste pelo Canal 16, público das galerias; Ver. João Antonio Dib, V. Exª sabe da estima que tenho pelo senhor, mas, no caso do Sam’s Club, nós vamos discordar. Este é um assunto que vem se arrastando na Cidade. Para o público que nos assiste e para os que não têm conhecimento, isto começou no mês de abril, Ver. Alceu Brasinha, o senhor que é um grande defensor do pequeno comércio, assim como este Vereador.

Chegou ao Conselho Municipal de Desenvolvimento a informação de que o Sam’s Club seria construído na Av. da Cavalhada, nº 4.656, Verª Fernanda. O que seria o Sam’s Club? Conforme o que está escrito no site da empresa Walmart, o Sam’s Club é uma espécie de um clube de compras, onde são vendidos gêneros alimentícios, roupas, móveis, eletrodomésticos, pneus, Brasinha; todos esses equipamentos são vendidos no Sam’s Club.

Conforme a solicitação no Conselho Municipal, foi dito que era um atacado, Ver. Nedel, só que no próprio site diz, inclusive pelo Presidente e fundador da empresa, Sam Walton, que a empresa Walmart, quando começou com o Sam’s Club, dizia que era para atender como atacado, para vender às empresas. Mais tarde, foi visto que o grande sucesso desse clube era atender pelo varejo. Está no site da empresa que vender no varejo, a empresa conseguiu um grande sucesso - e é um grande sucesso. Nós sabemos que a empresa Walmart vende mais de quatrocentos bilhões de dólares anuais. Então, o Sam’s Club é um clube de compras que vende no atacado e no varejo.

Em abril, então, uma Conselheira pediu vista ao processo e anexou ao processo, lá no Conselho Municipal de Desenvolvimento, documentos que mostravam o que era o Sam’s Club e que ele não poderia ser construído na Cavalhada, porque existe em Porto Alegre uma lei, desde 2001, que é a Lei que regulamenta o comércio varejista em 1.500 metros quadrados. Essa Lei diz que os supermercados e hipermercados, Ver. Alceu Brasinha, não podem ser construídos em certas partes da Cidade, que eles só podem ser construídos em um corredor produtivo, que é do Porto Seco em diante. Por que isso? Para regulamentar o comércio varejista na cidade de Porto Alegre, para não termos transtornos na Cidade e para preservarmos o comércio de bairro. Por isso foi construída essa Lei que, posteriormente, em 2005, foi transformada na Lei nº 523, que permitiu aumentar o tamanho de 1.500 metros quadrados para 2.500 m²; isso já foi no Governo José Fogaça, em 2005.

Pois bem, essa empresa Walmart, quando protocolou o pedido no Conselho Municipal, disse ser um atacado, e foi questionada pelo Conselho Municipal, inclusive pela Vice-Presidente do Conselho. Eu mesmo estive com o conjunto de pessoas, de empresários da Região, conversando com o Secretário Márcio Bins Ely, que me disse que este Projeto não andaria sem que nos avisassem. Infelizmente, nós não fomos avisados, e, na terça-feira passada, Ver. Brasinha, isso foi aprovado no Conselho Municipal de Desenvolvimento, e essa empresa tem um Termo de Referência e pode começar a dar andamento, Ver. Pedro Ruas, a esse empreendimento do Walmart Sam’s Club.

Agora dizem que a lei do Ver. Braz, que coloca a palavra “atacado” na Lei nº 523, ainda não foi aprovada. O que eu estou dizendo é que, independentemente do Projeto de Lei que tramitou nesta Casa, que foi aprovado por todos os Vereadores presentes - 22 Vereadores aprovaram, houve quatro abstenções -, foi aprovado o Projeto do Ver. Luiz Braz, do qual eu sou coautor com o Ver. Comassetto, que também diz que não poderia construir atacado. Mas não é esta a questão, Ver. Dib, porque este Projeto do Sam’s Club não é atacado; ele é varejo.

 

O Sr. Alceu Brasinha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mauro Pinheiro, realmente é de indignar as pessoas, o pequeno comerciante, aquele que trabalha e necessita das suas atividades. Chegam esses grandões e não cumprem a Lei que é de 2.500 m². Então, por que eles têm o direito de construir mais do que diz a Lei?

E mais: o Secretário Márcio Bins Ely deveria ter nos avisado. O Secretário errou! Ele deveria, pelo menos, ter avisado do andamento do Projeto desses cidadãos que vêm do outro lado do mundo para incomodar em Porto Alegre. Realmente, eles quebram os pequenos comerciantes. Eles são tão “bons”, que, por onde passam, deixam todo o mundo quebrado.

Essa empresa não é bem-vinda em Porto Alegre; bem-vindo é o cidadão do Rio Grande do Sul, aquele que dá emprego, aquele que colabora com a Cidade, aquele que ajuda: o grupo Zaffari, sim, é bem-vindo; não o Walmart, o Carrefour, que só fazem mal para Porto Alegre.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Mauro Pinheiro, eu vou insistir com Vossa Excelência. Eu fiz até um pronunciamento em Liderança, dizendo que a Lei está em vigor, que o Secretário do Planejamento está agindo corretamente. Eu não sei se será aprovado o Projeto que está lá, mas o Projeto tem todas as condições de tramitar, porque ele está sob a égide de uma lei anterior, e isso tem de ser respeitado. Senão, não vale fazer leis neste País.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Obrigado, Vereadores Brasinha e Dib.

O que quero dizer é que isso independe da Lei do Ver. Luiz Braz. Esta Lei não precisa dessa interferência, porque, ainda nos jornais de hoje, diz que ontem foi dado o primeiro passo para a aprovação do Projeto de construção de um atacado da bandeira Sam’s Club do grupo Walmart. E eu vou provar, Ver. Dib, que o Sam’s Club não é atacado, é varejo.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Mauro, eu quero reforçar os argumentos de V. Exª e trazer o meu espanto em saber que o Conselho do Plano Diretor aprovou um Termo de Referência, tendo conhecimento de que o CGC da empresa é para varejo, e aprova uma área quase três vezes maior, sem o cuidado de restringir área e de restringir atividade. E mais do que isso, de forma desrespeitosa para com a Região que se manifestou contrária; com os moradores da Região, com os empresários da Região, com os conselheiros da Região, não deixando que lessem o seu parecer e deixando, aliás, o empresário apresentar e, ofensivamente, levar caixas e inclusive dizer que será um macro. Portanto, atenderá individualmente as pessoas físicas e jurídicas. Ou seja, a flagrante irregularidade foi atestada pela fala da empresa no Conselho. Eu acho que o Conselho tem que revisar, e o Prefeito jamais poderia ter homologado o parecer do Conselho. Eu quero reforçar aqui a tua indignação e a necessidade de revertermos essa posição.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Muito obrigado, Verª Sofia Cavedon. Muito bem lembrado pela Verª Sofia que os conselheiros, Ver. João Antonio Dib, anexaram os documentos, pediram para fazer a leitura dos documentos e foram impedidos de fazer a leitura dos documentos que mostravam que o Sam’s Club era varejo, e não atacado. Pior ainda, foi aberto um espaço para a empresa Walmart fazer a defesa do seu projeto. Foram entregues os endereços dos conselheiros, Ver. Dr. Raul, para que eles mandassem documentos para a casa dos conselheiros. E aos conselheiros não foi aberto um espaço para o diálogo. É imperdoável a situação do Conselho Municipal e tem que ser revista.

O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mauro Pinheiro, primeiro eu quero cumprimentar V. Exª pelo debate. Ouvi atentamente o seu pronunciamento, bem como os pronunciamentos de vários colegas. O pronunciamento do Ver. João Antonio Dib está equivocado tecnicamente. O problema é que a Lei foi burlada para aprovar este Projeto. A Lei nº 605 diz que a área máxima construída é de 2.500 metros, e o Projeto que está sendo aprovado, em que eles alegam ser atacado, está sendo aprovado no estacionamento e em vários outros itens como itens de hipermercado. Então, a Lei tem que ser igual para todos. É essa a análise que tem que ser feita. No nosso ponto de vista, a Lei está sendo burlada. Um abraço!

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Obrigado, Ver. Comassetto. Eu tenho aqui, Ver. João Antonio Dib, um documento que tirei da Internet, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Comissão Nacional de Classificação, Concla, que classifica o comércio. (Lê): “O comércio de mercadorias se organiza em dois segmentos: atacado e varejo. O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas, sem transformação, a varejistas, a usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros atacadistas; ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou venda de mercadorias a esses usuários. [Isso são atacados.] No comércio atacadista, distinguem-se dois tipos de atividades: o atacadista que compra a mercadoria que revende, o atacadista representante ou agente do comércio, que, sob contrato, comercializa em nome de terceiros, inclusive operando o mercado eletrônico via Internet (...) O comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, sem transformação, principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico. As unidades comerciais que revendem tanto para empresas como para o público em geral devem ser classificadas como varejistas”. É o caso do Sam’s Club, que vende atacado e varejo e tem que ser classificada como varejista e não como atacadista.

 

O Sr. Nilo Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mauro Pinheiro, eu gostaria de deixar aqui para o Ver. João Dib e até dizer a ele que estou contra esse projeto e de uma maneira entusiasmada, porque sou da Região. Quem é da Região conhece aquela realidade. Quero pedir, neste momento, que sejam apresentadas para nós as contrapartidas. Qual é a contrapartida, já que, infelizmente, vamos ter de, mais uma vez, aceitar esse tipo de imposição desse grande grupo? Ele vai engolir os pequenos e vai dar o que para a população porto-alegrense? Obrigado.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Muito obrigado, Ver. Nilo Santos. Eu não me preocupo com as contrapartidas, porque esse empreendimento não vai ser construído, ele não pode ser construído, Ver. Nilo Santos! Sabe por quê? Porque existe uma lei, em Porto Alegre, a Lei nº 523, de 2005, que proíbe comércio varejista com mais de 2.500 m² na Av. Cavalhada, nº 4.656. Se for construído, ele vai ser construído contra a Lei, Ver. Brasinha! Aí, o que estamos fazendo aqui, neste Parlamento, se construímos leis para serem cumpridas?

Tenho certeza de que, se for aprovado na Prefeitura, nós ingressaremos na Justiça, e esse Sam’s Club não vai ser construído, porque ele está contra a Lei, ele é varejo. Vou mostrar, tenho o comprovante de inscrição da situação cadastral da empresa Walmart. Ver. Pedro Ruas, que é o Presidente da CCJ, um excelente advogado, eu tenho aqui, e eu gostaria que as câmeras mostrassem o documento, o comprovante de inscrição da situação cadastral (Mostra documento.), que vou comentar. O documento diz que (Lê.): “A República Federativa do Brasil, cadastro nacional da pessoa jurídica, comprovante de inscrição de situação cadastral, 26/11/09, filial. Nome empresarial: Walmart Brasil Ltda. Título do estabelecimento/nome fantasia: Sam’s Cavalhada. Código e descrição da atividade econômica principal: Comércio varejista de mercadorias em geral com predominância de produtos alimentícios, hipermercado.” Isso é o documento de identidade do Sam’s Club Cavalhada, hipermercado. E a Lei nº 523 proíbe a construção de hipermercado com mais 2.500 m² na Cavalhada. Portanto, é uma vergonha se este Projeto for aprovado! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Mauro Zacher.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, é vergonhoso, Ver. Mauro Pinheiro, o que essa empresa vem querendo fazer aqui em Porto Alegre. Eu acho que esse cidadão pode tudo, não quer nem respeitar a Lei. E tem lei nesta Cidade!

Quero convidar meus colegas Vereadores, os que são contra esse empreendimento, a irem lá para frente e não deixarem construir, Vereador, de jeito nenhum, porque eles não podem passar por cima da Lei! Tem lei nesta Cidade e tem de ser cumprida! Tem de ser cumprida! Eles não podem fazer o que eles querem em Porto Alegre, Ver. João Dib!

Com toda a atenção, Ver. João Dib, já que o senhor defende, quero-lhe dizer que sou contra eles, sou contra os grandes, sou contra o grupo Walmart, porque é deles!

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Alceu Brasinha, eu gosto do entusiasmo com que V. Exª faz a defesa dos seus pontos de vista, mas nós somos Vereadores, nós somos os homens que fazem as leis na Cidade e temos de cumprir as leis. O que eu disse - e repito - é que não há lei que impeça a Secretaria do Planejamento, a Secretaria de Obras, a Secretaria do Meio Ambiente, o DEP e a Secretaria de Mobilidade Urbana de examinarem o Projeto da Walmart que está lá - não me interessa como se chama, não me faz diferença. O que há é que eles entraram sob a égide de uma legislação vigente e aprovada por nós; se modificaram a Lei, foi depois de eles terem entrado com o Projeto. É assim que V. Exª entende: quando o Grêmio joga, não pode mudar as regras do jogo no meio da partida. É exatamente isso, não mais do que isso e nem menos do que isso. Existe uma Lei que está sendo cumprida. Não significa - não significa - que será aprovado o Projeto na forma que foi proposto, mas está absolutamente correta a análise do mesmo.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Quero discordar de V. Exª, porque estão achando, Ver. Dib, que aqui nesta Cidade não tem Vereador. Aqui tem Vereador, sim! Tem Vereador que defende o direito do pequeno empresário!

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Brasinha, eu gosto da sua veemência nesse tema, concordo com ela, e quero lhe sugerir, porque, na verdade, quem votou, terça à noite, foram os representantes do Governo Municipal e de empresários - grandes empresários, na verdade - no Conselho do Plano Diretor. V. Exª compõe este Governo, o seu Partido, e nós, na verdade, somos da oposição. O Prefeito Fortunati, infelizmente, ontem homologou o Parecer do Conselho do Plano Diretor, eu mas eu acho que um movimento dos Vereadores da base do Governo, de reunião com o Prefeito Fortunati, que, infelizmente, ontem, homologou o Parecer do Conselho do Plano Diretor, eu lhe sugiro que faça um movimento junto com os Vereadores da base do Governo - nós podemos reforçar -, mas é muito importante que o seu Partido, os Partidos da base do Governo, posicionem-se desta maneira frente o Prefeito. Acho que vai ajudar muito.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Com certeza, Verª Sofia Cavedon.

 

O Sr. Mauro Pinheiro: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Tenha a bondade, Ver. Mauro Pinheiro, que tanto defende o pequeno comerciante, o pequeno empresário e a empresa gaúcha. Para isso, sim, Vereador, eu bato palmas para o senhor, porque nós estamos aqui é para defender aquele cidadão que oferece o emprego para a sua família, lá para a sua comunidade, mas não venha esse Sam’s Club retirar a vontade de os pequenos crescerem também. Tenha a bondade.

 

O Sr. Mauro Pinheiro: (Assentimento do orador.) Ver. Brasinha, muito obrigado pelo aparte. Quero dizer que o Ver. João Antonio Dib - com todo o respeito, Vereador, que tenho pela sua pessoa - está equivocado quando fala que a Lei que o Ver. Luiz Braz está propondo é posterior, e independe do Projeto de Lei do Ver. Luiz Braz, que botou a palavra “atacado” na Lei nº 523. A Lei nº 523 vem da Lei nº 462, que foi aprovada em 2001, enquanto a Lei nº 523 foi aprovada em 2005, e ela diz que não pode ser construído comércio varejista com mais 2.500 m². Essa Lei é de 2005, foi aprovada pelo Prefeito José Fogaça. Então, Ver. João Antonio Dib, o que eu estou dizendo é que o Sam’s Club é varejo, está escrito no CNPJ dele, qualquer pessoa pode entrar na Receita Federal e tirar ali uma cópia do CNPJ da Sam’s Club, o Walmart Cavalhada é comércio varejista, hipermercado, e para isso tem uma Lei de 2005, que proíbe a construção de comércio varejista com mais de 2.500 m²; é Lei Municipal aprovada nesta Casa e tem que ser respeitada. Muito obrigado, Ver. Brasinha.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Ver. Mauro Pinheiro, com certeza, eles não podem querer passar por cima de uma lei. Essa Lei existe, tem que ser cumprida, e nós vamos fazer um apelo às autoridades competentes, ao nosso Prefeito José Fortunati, que não deixe esse Projeto passar, porque, lá na Secretaria de Planejamento, o nosso Secretário Márcio Bins Ely pelo menos deveria ter nos avisado como estava transcorrendo esse Projeto.

Eu quero dizer que eu sou contra esse empreendimento. Se eles quiserem fazer, que construam 2.500 m²! Mas não fazer o que quiserem nesta Cidade! Se não tiver gente para ir lá, nós convocamos as comunidades, os pequenos comerciantes e vamos para lá e vamos trancar essa obra. Ver. Elias Vidal, pode ter certeza absoluta de que eles não podem chegar e fazer o que querem nesta Cidade; eles têm que respeitar as leis - tem lei, tem que ser respeitada!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Apregoo o Requerimento do Ver. Paulinho Rubem Berta, que solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 25 de junho a 05 de julho de 2010.

Apregoo o Memorando nº 19, do Ver. Mario Manfro, que esteve em representação externa no dia 23 de junho de 2010, na Federação Rio-Grandense de Entidades dos Deficientes Físicos do Rio Grande do Sul.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO (Requerimento): Sr. Presidente, quero fazer um Requerimento a V. Exª Tenho aqui um Requerimento endereçado à Presidência desta Casa, interpondo um recurso, nos termos facultados pelo art. 99 do Regimento deste Legislativo, com referência a um pedido de diligência que fizemos à Secretaria Municipal do Planejamento e que foi indeferido pela CUTHAB.

Recorro a V. Exª, que, conforme o nosso Regimento, tem o poder para analisar, porque essa foi uma decisão construída com todos os Líderes da Casa, e quero encaminhar o Requerimento, neste momento, para a sua análise. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Recebo, Ver. Engenheiro Comassetto. Determino autuação e que retorne a esta Presidência para os devidos despachos.

O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Tempo Especial.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Muito obrigado, Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; prezados colegas Vereadores e Vereadoras; senhoras e senhores, quero aqui fazer um relato a todos os Vereadores e à cidade de Porto Alegre da delegação que me foi incumbida nos dias 19 a 23, quando participei como Delegado da cidade de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, e representando os Vereadores do Brasil, da 4ª Conferência Nacional das Cidades. Essa Conferência reuniu em Brasília mais de mil e oitocentos delegados de todo o Brasil, de todos os segmentos, dos movimentos sociais da luta pela moradia, das ONGs, das universidades, do setor empresarial, do Poder Público Municipal, Estadual e Federal, sendo Executivo e Legislativo. E, no papel que tenho hoje, como Vice-Coordenador Nacional da Frente Parlamentar pela Reforma Urbana, a nossa instituição, junto com a União dos Vereadores do Brasil, tem direito a quatro conselheiros titulares e quatro conselheiros suplentes.

Primeiro, quero dizer aqui a todos os colegas que tive o prazer de ser escolhido como Conselheiro Nacional, sendo reeleito pelos Vereadores do Brasil que lá compareceram com uma delegação em torno de cento e cinquenta Vereadores, Delegados de todo o Brasil. E o importante é que a 4º Conferência, presidida pelo Ministro Marcio Fortes, trouxe, no seu tema, Vereador-Presidente, a constituição do sistema de desenvolvimento urbano. O sistema nacional que vem sendo construído, para que o desenvolvimento urbano seja um sistema nacional, de forma que as três esferas republicanas, Município, Estado e União sejam as responsáveis por isso, que os órgãos governamentais, que o Estado seja responsável por isso e que a sociedade civil seja responsável por isso.

Trabalhamos lá quatro grandes eixos: o primeiro deles, que é a implementação efetiva do Estatuto da Cidade, bem como que os Planos Diretores de todos os Municípios do Brasil se tornem realidade. Segundo tema: o projeto da regionalização, do desenvolvimento regional, o papel das regiões metropolitanas. O terceiro tema: o papel do Conselho Nacional das Cidades e dos Conselhos Municipais - locais -, que têm que ser instituídos, e todos os Municípios que ainda não têm política instituída têm que fazê-lo.

E nós, aqui em Porto Alegre, ainda temos que cumprir a etapa do Plano Municipal da Habitação de Interesse Social e outros; e, por último, os eixos dos programas e projetos do Governo Federal que estão sendo desenvolvidos em todos os Municípios, principalmente aqueles projetos de grande envergadura, como é o Minha Casa, Minha Vida, como é o projeto de saneamento, como é o projeto de mobilidade urbana, como são os projetos da Copa que estão por vir.

Então isso é uma construção do sistema de desenvolvimento urbano para o Brasil, e esse sistema tem que ser construído de cima para baixo, de baixo para cima e na transversalidade. Foi com esse papel que nós estivemos representando o Município de Porto Alegre, esta Câmara e todos os Vereadores do Brasil, na consolidação das Políticas de Desenvolvimento Urbano e na construção do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, um sistema construído para ser uma política de Estado e que venha para ficar no processo republicano.

Nesse sentido, quero agradecer a todos os colegas a confiança que têm depositado no nosso trabalho, e lá estaremos por mais três anos como Conselheiro Nacional das Cidades, representando os Vereadores do Brasil. Somos quatro eleitos, a Neusinha Santos, de Belo Horizonte; o Ver. Engenheiro Comassetto, aqui de Porto Alegre; o Ver. Marcos, de São Paulo e um outro colega de Recife. Representamos, então, o colegiado das Câmaras do Brasil. Muito obrigado. Um grande abraço.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero dizer que hoje é Dia de São João. Então, meus cumprimentos aos Joões do nosso Plenário: João Bosco Vaz; João Carlos Nedel; Airto João Ferronato.

Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não sou o dono da verdade, mas eu fico muito preocupado, tremendamente preocupado, quando assisto aos meus colegas se manifestarem de forma contrária à legislação vigente, e até citarem: “Ah, existe lei.” Lei existe para ser respeitada, lei existe para ser fiscalizada, lei existe para ser cumprida, e é isso que eu prego. Então, quando eu digo que não importa quem é Walmart, Carrefour, pouco se me dá. Para mim, tem lei, e lei deve ser respeitada.

A Câmara recebeu críticas na imprensa, porque demorou a entregar a Redação Final do Plano Diretor ao Prefeito, para que ele examinasse e sancionasse a sua íntegra ou vetasse alguma parte. Então, nós temos realmente uma lei que define onde podem ser colocados os atacados. Nós temos leis para tudo o que é coisa. Eu quero dizer novamente: enquanto não houver uma publicação no Diário Oficial do Projeto do Plano Diretor, todos os projetos que entrarem - e podem entrar a qualquer hora - serão analisados pela Lei nº 434, que é a Lei do Plano Diretor. Essa Lei do Ver. Luiz Braz, que também tem o patrocínio do Ver. Mauro Pinheiro, foi proposta depois da entrada do Projeto da Walmart na Prefeitura. Então, a Prefeitura tem que analisar o Projeto da Walmart na forma em que ele foi apresentado, na forma da lei vigente, e continua vigente. E o fato de um Secretário ter encaminhado o assunto ao Conselho do Plano Diretor está dentro das atribuições, das obrigações do Secretário Municipal de Planejamento. Esse Projeto será examinado por todas as Secretarias, por todos os órgãos que se integram à análise de projeto. Não foi dado o licenciamento para a construção. Antes que aconteça o licenciamento para a construção, muita água vai correr embaixo da ponte. Então, aí é que poderá ser analisado se é hipermercado, se é supermercado, se é varejo, se é atacado. Tudo isso vai ser examinado. Temos que acreditar que o Executivo é eficiente, sim, e até eu diria que, no caso da análise e do licenciamento dos projetos de construção, é um pouco vagaroso, um pouco menos vagaroso do que no passado.

Em 2003, quando eu presidi a Câmara e assumi, eventualmente, a Prefeitura, fui, com os empresários da construção civil, lá no Secretário Barbosa, para dizer que os projetos deveriam ser analisados com muito mais rapidez. Devo dizer que, quando fui Secretário de Obras - saí da Secretaria de Transportes para ser Secretário de Obras -, os projetos não eram analisados com o computador e eram licenciados e aprovados muito mais rapidamente. E, quando fui Prefeito, instalou-se o computador na Prefeitura para analisar, simultaneamente, os projetos de construção, para que houvesse oportunidade de continuar. Então a Prefeitura está examinando, está fazendo o seu papel, nada mais do que isso. Não há por que criticar. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que se encontra nesta Casa Legislativa ou que nos acompanha pela televisão, quero fazer apenas uma breve reflexão, aqui nesta tribuna, com relação ao que falou o Ver. Alceu Brasinha e outros Vereadores. Estamos percebendo que, com o avanço da sociedade em todos os aspectos, - tecnologia, comportamento, comércio, relações comerciais -, em todos os lugares, grandes shopping centers, grandes supermercados e grandes atacadistas estão engolindo os pequenos, o pequeno comércio. Todo o mundo sabe que a soma dos pequenos é maior do que a dos grandes juntos, por incrível que pareça. Se somarmos todos os pequenos comerciantes - quitandas, lojas, açougues, enfim -, teremos um resultado infinitamente maior do que o de todos os grandes juntos.

Uma lei deve orientar, nortear esse crescimento, e esse crescimento tem que ser gerado de uma forma inteligente, porque todos têm que ter a sua oportunidade. Nós temos que pensar no desenvolvimento, no crescimento, na arrecadação, nos postos de emprego, enfim, temos que pensar em tudo; o que nunca devemos fazer é investir no grande em detrimento do pequeno. Não podemos dizer “olha só, que lindo este estabelecimento”, porque estamos matando... É como aquela árvore grande que cresce matando todas as outras árvores à sua volta. Há uma Lei que orienta, que norteia esse tipo de avanço, avanço que não deve ultrapassar os 2.500 m², porque senão vamos nos tornar, cada vez mais, uma cidade de grandes empreendimentos, uma cidade fantasma, de certa forma, no sentido de ter um grande empreendimento, e nada vivo à sua volta. Essa legislação que, nesta Casa, sabiamente, aqui foi discutida e votada tem que ser levada em consideração.

Não sou um grande especialista na área de comércio; o Ver. Mauro Pinheiro é. O Ver. Brasinha, que é um microempresário, sabe e já sentiu muito na pele, na carne, o que é ter ao lado do seu comércio um Carrefour vendendo pneus de uma forma desleal, contra seu comércio, que tem ali seus empregados, que paga seus tributos, que gera empregos, enfim. Então, nós não podemos, em detrimento dos pequenos, investir nos grandes. Temos que limitar o tamanho dos grandes nesse sentido.

Ver. Mauro Pinheiro, V. Exª que tem sido um lutador nesse sentido, e outros Vereadores também, eu me somo a vocês, para dizer que precisamos respeitar a Lei desta Casa. Ninguém pode passar por cima de uma lei municipal, nem estadual, muito menos federal. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; estou me inscrevendo, no período de Liderança, para dizer e fazer um pedido ao Ver. João Antonio Dib, Líder do Governo; ao sempre Vereador Zé Valdir; ao Diretor-Geral do DEP, Ernesto da Cruz Teixeira; ao Prefeito Municipal; e a todos os Vereadores: lá em 2004 - já falei isso -, estive em Brasília levando, meu caro Ver. João Antonio Dib, diversos Projetos sobre drenagem urbana em Porto Alegre. E mais uma vez registro a competência do Governo atual, que está executando todos aqueles Projetos que nós elaboramos lá no DEP.

Há pouco tempo, Ver. Engenheiro Comassetto, estive no DEP falando com o Diretor-Geral, Ernesto da Cruz Teixeira, que, na verdade, existe em Porto Alegre uma outra área crítica de alagamento, Ver. João Antonio Dib, que é ali nas ruas Augusto Severo, 11 de Agosto, Marquês de Alegrete, Dona Sebastiana, 25 de Julho; aquelas ruas próximas à Igreja São João - todas elas terminam na Av. Sertório. Nós combinamos com o Ernesto que o DEP elaboraria um projeto para aquela região, e esse projeto está pronto, Ver. Engenheiro Comassetto. O que me diz o Ver. Engenheiro Comassetto? Que está aberto, agora, em Brasília, no site do Ministério das Cidades, o período de inscrição para que as Prefeituras Municipais encaminhem outros projetos para o Ministério das Cidades.

Então, como estão abertas as inscrições para encaminhar novos projetos, eu gostaria de fazer esse registro e de pedir que toda Casa se mobilize, que o Prefeito Municipal ordene, através do seu competente Diretor, meu amigo Ernesto Teixeira, que se insira nesse site do Ministério da Cidade o projeto da região que citei, no bairro Santa Maria Goretti. É um momento ímpar e único!

Tenho absoluta certeza de que, se o Executivo Municipal encaminhar esse projeto para Brasília, para o Ministério das Cidades, brevemente virão verbas para executar mais uma grande obra de drenagem na cidade de Porto Alegre. Eu conheço muito bem a região e sei que ela sofre, há décadas, grandes alagamentos; sei que a solução é um projeto de grande monta.

Portanto, acredito que, se todos nós fizermos isso, estaremos beneficiando milhares de moradores daquela região. Um abraço a todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Eu me sinto na responsabilidade de prestar uma explicação. Todos os editais citados pelo colega Ferronato estão no site do Ministério das Cidades com os seus devidos prazos.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, com relação à manifestação de Ver. Ferronato que mereceu uma explicação do Ver. Comassetto, quero dizer que o assunto a respeito de esgoto pluvial deve irmanar todos nós. Vereador, conte comigo para dialogar com o Prefeito, não para que ele ordene - acho que a sua expressão não foi a mais correta -, mas que ele recomende ao Ernesto Teixeira, um diligente colaborador que ele tem, para que, com a maior brevidade possível, diligencie esse projeto, envolvendo lá a bacia da Maria Goretti, antiga Vila do Sesi, na Av. Carneiro da Fontoura ou coisa que o valha, proximidade da antiga fábrica da Zivi-Hércules.

 

(Aparte antirregimental do Ver. Airto Ferronato.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: É perto do Bourbon; então é bem aqui na frente, pensei que era lá na Rua São Nicolau ou por lá, mas não é, porque lá, no Arroio da Areia, acho que está tudo resolvido naquele particular. Vamos olhar então na proximidade do Bourbon, conforme recomendação que V. Exª traz, com a autoridade de quem esteve, por longo tempo, na direção do DEP fazendo um belo serviço para a Cidade.

Mas o que me traz à tribuna, Sr. Presidente, não é exatamente o assunto sobre esgoto pluvial, é mais a habitação popular.

Ver. João Dib, Líder do Governo, eu tenho aqui uma publicação que o Ver. Comassetto traz - penso eu - de Brasília, da Revista Brasileira da Habitação, Ano I, nº 1; publicação da ABC, antiga entidade da Associação Brasileira de Cohabs, que ainda sobrevive.

Eu quero, honestamente, dizer que vejo aqui as experiências que são feitas em outras cidades e posso dizer que, com relação a Porto Alegre, não temos novidade nenhuma, o que ainda há de novidade em Porto Alegre é que nunca, na história desta Cidade, houve uma instrumentalização de ordem legal, tão forte, a contribuir para o desenvolvimento de programas na área da habitação popular.

Eu sonho um dia poder ir para o passado e ter, nos dois períodos em que estive no DEMHAB, a ferramenta, a alavanca do Solo Criado, que cria uma moeda municipal - ou a criação do direito de construir - e, pelo menos, dentro da Lei, deve ser canalizado 85% para habitação popular. Isso, Ver. Comassetto, coloca-me em uma posição que eu considero consequente e lógica. Eu quero e vou fazer formalmente um Pedido de Informações para saber qual o valor que, nos últimos tempos, gerou a política do Solo Criado; qual o valor que foi transferido para habitação popular e em que tipo de programa ele foi utilizado.

Eu observo, Sr. Presidente, para concluir, que esta Casa não nega recursos, meios e ferramentas para que se desenvolva o programa de habitação popular, mas é preciso saber onde exatamente o nosso esforço e a nossa capacidade legislativa tem gerado resultado positivo, ou aqueles outros em que, por razões as mais diversas possíveis, tenha que haver atualizações, tenha que ocorrer modificações. Isso é evidente, é um compromisso que assumo espontaneamente, coerente com o meu passado. Estou absolutamente convencido de que existe, para os administradores municipais, mecanismos e ferramentas adequadas para responder por essa grave necessidade do Município, que é e será sempre a habitação popular.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Ver. Mauro Pinheiro, na presidência dos trabalhos, é uma satisfação vê-lo no exercício da presidência. Venho aqui usar o tempo de Liderança do PDT. Eu tive que fazer algumas observações sobre a apresentação do Projeto colocado hoje aqui pela CEEE, lembrando que a ligação com o PDT remonta ao tempo em que o Presidente Nacional do PDT, em exercício, Deputado Vieira da Cunha, era Presidente da CEEE, o qual deixou uma ação que, com o êxito que teve agora, possibilita grande parte do investimento que a CEEE tem tido principalmente nessas comunidades populares. Ele passa pela ação do conjunto dos Vereadores, mas de forma muito especial, muito particular, muito carinhosa, a ação que o Ver. Ervino Besson teve à frente desta Comissão, hoje tão bem presidida pelo Ver. Paulinho Rubem Berta, que se refere à regularização fundiária, principalmente no que tange à luz elétrica, e ela remonta às nossas áreas de atuação, tanto na Saúde assim como cidadãos, que têm sofrido com a falta de luz elétrica. A luz, eu aprendi neste mandato - já sabia, mas só sabia de ouvir falar -, é indispensável para a vida mesmo. A Resolução nº 384, da Aneel, é muito importante que seja bem entendida pelo Município de Porto Alegre, e certamente o será principalmente pela Procuradoria-Geral do Município, pela Procuradora Simone Somensi, por toda a sua equipe.

Quero fazer uma saudação, neste espaço, muito especial ao Diretor da CEEE, Dr. Munhoz, que sempre nos recebe com tanta educação, com tanta clareza, sempre com o objetivo de tentar dirimir as dúvidas e de ajudar as comunidades. Mas o meu engajamento neste processo remonta ao início do ano passado, quando nós fomos procurados por um grupo da Estrada do Varejão, no Lami, que ficou sem luz num determinado momento. Essa comunidade tem a posse da terra, é uma comunidade pacífica, é uma comunidade que realmente quer ter luz e quer pagar pelo serviço, mas encontra, assim como encontrava, dificuldades nesse sentido. A partir da procura da comunidade, nós identificamos diversos casos, nessa comunidade, de necessidade essencial e prioritária de luz, porque nós estávamos bem no início do inverno, principalmente com a questão das gripes, da asma, das doenças respiratórias e da Gripe A - no ano passado -, e nós identificamos diversas pessoas, nas comunidades de Araçá, Camboim e Primavera, que necessitavam de aparelho nebulizador, que necessitavam de luz em função da manutenção da sua insulina, das suas coisas. E a partir disso, a partir do momento em que essa comunidade nos procurou aqui, nós tentamos intermediar a situação. O único local em que fomos acolhidos naquele momento, além da CEEE, que colocava essa questão de legislação como grande empecilho, foi no Ministério Público, e aqui a minha saudação muito especial ao Dr. Fábio Sbardelotto, que tão bem acompanhou aquele processo. Bom, de forma emergencial, conseguimos a presença da CEEE numa audiência pública, e essa comunidade pode retomar a sua luz através da troca do transformador que lá existia, que havia queimado.

Então, é fundamental que nós possamos usar esse processo como exemplo e podermos acompanhar todas essas situações vinculadas à regularização. E falo, principalmente, das comunidades mais periféricas da Cidade como Araçá, Camboim, e Primavera - quem nos ouve do Lami - principalmente Estrada Otaviano José Pinto, quem mora próximo da reserva. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Sr. Presidente; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu fiquei na obrigação de voltar aqui a esta tribuna, Sr. Presidente, para continuar explicando, tendo em vista, principalmente, a manifestação do Líder do Governo, o Ver. João Antonio Dib, com todo o respeito, quando fala que o Projeto ainda não foi aprovado. Sim, eu sei que não é um Projeto que foi aprovado, que é apenas um termo de referência, mas o que me preocupa, Ver. Reginaldo Pujol, é que esse Projeto vai, de forma galopante, sendo aprovado; um Projeto que, se for analisado, já deveria ter sido extinto, pois, é claro, pelo CNPJ, é público, é só entrar no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, que mostra que a empresa é um hipermercado. Se existe uma lei em Porto Alegre, ela tem ser cumprida, Ver. Pujol. É por isso que eu venho aqui, com tanta veemência, falar sobre esse assunto. É uma preocupação muito grande, porque foi aprovado, no Conselho Municipal de Desenvolvimento, na terça-feira à noite, quando os conselheiros anexaram esse CNPJ da empresa, tentaram explicar, e o Presidente do Conselho, que é o Secretário de Planejamento, Ver. Márcio Bins Ely, colocou em votação e aprovou, quando ele deveria ter, pelo menos, acolhido e seguido os Conselhos. Os conselheiros pediram que não fosse votado, mas que fosse feita uma diligência para ser analisado. Não só foi aprovado no Conselho, na terça-feira à noite, como, na quarta-feira, pela manhã, antes de o Prefeito viajar, isso foi levado a ele, que já assinou o termo. Com certeza, o Prefeito Fortunati não teve o conhecimento e assinou confiando no Conselho.

Essa situação é muito preocupante! Isso me preocupa muito, porque existe uma lei que não é de hoje, a Lei nº 462, que iniciou em 2001, e a Lei nº 523 aumentou o tamanho para 2.500 m². É uma Lei que vem desde o ano de 2001 e 2005, e, hoje estão tentando burlar a Lei com um projeto, no Conselho, dizendo que é um atacado, quando, na verdade, está aqui a carteira de identidade da empresa Walmart Sam’s Club Cavalhada, dizendo que é um hipermercado. Isso me preocupa muito, tem quer esclarecido, e esse projeto não pode continuar.

Além de todas as questões da discussão, por que já foi aprovado esse projeto, essa Lei nº 523? Justamente por causa das questões de segurança, de transporte, pois nós sabemos que as vias de Porto Alegre estão todas entupidas, e não podemos mais concentrar grandes lojas numa única região. Aquela região da Cavalhada já tem dois grandes empreendimentos, um é da própria empresa Walmart, e o outro da Companhia Zaffari. Seriam três grandes empreendimentos num espaço de um quilômetro, Ver. Comassetto. Com certeza, vai haver um grande congestionamento no trânsito, e não há medidas compensatórias e reivindicatórias que vão resolver o problema do trânsito da Cavalhada. Por isso a minha preocupação, sem contar com a questão econômica da Cidade, pois ali há um grande número de pequenos comércios, de roupas, de móveis, de farmácias, que serão afetados. Se existe uma lei que protege esses comércios, ela tem que ser cumprida. Eu me preocupo, vou continuar falando, porque o Prefeito tem que ser alertado. Assim que ele voltar de viagem, quero marcar uma audiência para tratar deste assunto. O Prefeito Fortunati tem que ser alertado para não correr o risco de deixar seguir um Projeto que é contrário a uma Lei Municipal. Nós, Vereadores desta Casa, temos por obrigação fiscalizar e estar atentos, para que sejam cumpridas as Leis Municipais que foram criadas por esta Casa, que foram votadas, das quais todos nós temos conhecimento. Por isso me sinto na obrigação de vir aqui alertar não só a Câmara de Vereadores, a população de Porto Alegre, como também quero alertar o Prefeito José Fortunati para que ele não corra o risco, Ver. Reginaldo Pujol, de aprovar um projeto contrário ao que diz a Lei nº 523. Por isso estou aqui alertando, está aqui, tenho os documentos para quem quiser ver. Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol; muito obrigado, meu Presidente, e acho que estou cumprindo o meu dever avisando a Cidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Estamos no dia 24 de junho, dia de São João.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2255/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 013/10, de autoria da Verª Maria Celeste, que inclui art. 36-A na Lei Complementar nº 170, de 31 de dezembro de 1987 – que revoga a Lei Complementar nº 32 de 07/01/1977, estabelece normas para instalações hidrossanitárias e serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário prestados pelo DMAE e dá outras providências –, e alterações posteriores, dispondo sobre o cálculo da tarifa mensal de água de creches comunitárias e entidades responsáveis pelo Serviço de Atendimento Socioeducativo (SASE) conveniadas com o Executivo Municipal.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1108/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 052/10, de autoria do Ver. Luciano Marcantônio, que cria o Programa de Adequação do Serviço Público de Telefonia – PASPT – e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1746/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/10, de autoria do Ver. Dr. Raul, que estabelece, no Sistema Único de Saúde (SUS) do Município de Porto Alegre, o atendimento em regime de mutirão.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, antes de me referir a dois assuntos da Pauta, eu pego o gancho do Presidente, que nos informa a respeito, nos reaviva a memória de que hoje, 24 de junho, é Dia de São João, e recomendo a todos maior cautela no uso do balão, no pular a fogueira. Vamos evitar acidentes, vamos fazer a festa de São João realmente uma festa alegre, divertida, sem os riscos indesejáveis a que os excessos levam.

Sr. Presidente, como determinam a Lei e o nosso Regimento, durante a Pauta, nós temos que nos referir àqueles assuntos que estão em discussão preliminar. Entre esses dois, eu destacaria um, de autoria do Ver. Luciano Marcantônio, que cria o Programa de Adequação do Serviço Público de Telefonia, e outro, do Ver. Dr. Raul, médico competente e conceituado, que estabelece no SUS do Município de Porto Alegre o atendimento em regime de mutirão.

Evidentemente que esse segundo Projeto chamou a minha atenção. Qualquer coisa que diga respeito à Saúde pública é importante, e qualquer coisa que envolva mutirão é uma perspectiva de solução. O que busca o Ver. Dr. Raul no seu Projeto de Lei? Busca, fundamentalmente, estabelecer o atendimento em regime de mutirão. Ou seja, o atendimento em regime de mutirão consistirá na realização de consultas e exames acumulados nas especialidades oferecidas pelo SUS, e ocorrerá, no mínimo, trimestralmente. Para a realização do atendimento de que o Projeto trata, o órgão competente organizará as datas e o remanejamento dos profissionais necessários e conclui, no seu art. 3º, estabelecendo que, para a implementação dessa Lei, poderá o Executivo Municipal firmar parcerias e convênios com instituições públicas ou privadas.

Vejam V. Exas que esse Projeto quer institucionalizar uma prática da qual os Governos no atendimento da Saúde pública têm se socorrido com muita frequência, e com resultado altamente satisfatório, que é a realização dos mutirões. Vários médicos, simultaneamente, se colocam à disposição da população em períodos pré-estabelecidos, e esse mutirão não só tem atendido a essas primeiras consultas, como também, em várias oportunidades, realizado ou ensejado a realização de cirurgias mais complexas, que são, muitas vezes, retardadas no tempo com decorrências absolutamente más, eis que o retardamento do socorro a determinado tipo de paciente pode ser fatal.

Por isso, Sr. Presidente, e o nosso tempo está se esgotando, quero confirmar que esse assunto vai merecer de mim a maior atenção possível, até porque eu vislumbro que nele serão encontrados, pela Procuradoria da Casa, alguns problemas de ordem jurídica que envolve, inclusive, competência privativa do Prefeito e coisas dessa ordem. Eu estarei atento, na Comissão de Justiça e onde for necessário, para ver se nós viabilizamos este bom Projeto, este bem-intencionado Projeto, este bem endereçado Projeto que o Ver. Dr. Raul propôs a esta Casa e que nós começamos a discutir no dia de hoje. Era isto, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, colegas Vereadores, senhoras e senhores, eu quero trazer para o debate o Projeto de Lei da minha colega e companheira de Partido, o Partido dos Trabalhadores, Verª Maria Celeste. Ela apresenta um Projeto simples e importante, que precisa, sim, ter um entendimento político da Cidade, de sua abrangência.

O Projeto da Verª Maria Celeste estabelece normas para as instalações hidrossanitárias e serviços públicos de abastecimento de água e esgoto sanitário prestados pelo DEMHAB e dá outras providências - dispondo sobre o cálculo da tarifa mensal de água de creches comunitárias e entidades responsáveis pelo Serviço de Atendimento Socioeducativo, conveniadas com o Executivo Municipal. Qual é a essência deste Projeto? Ele propõe que todas as creches e entidades conveniadas com o Município de Porto Alegre paguem a tarifa mínima do DMAE.

Vejam só, eu vou dar o exemplo da comunidade de Belém Velho, a Ascobev, que recebe diariamente, Ver. Nelcir Tessaro, centenas de jovens e de crianças que acessam a Associação Comunitária para usufruir o Telecentro, para ter aulas educativas, extraclasse, durante a tarde. E, mesmo assim, lá são atendidas mais de quarenta crianças do SASE, de zero a seis anos de idade, conveniadas com a Prefeitura. Para toda essa atividade, o consumo de água é grande. Por que uma associação comunitária como essa tem que pagar um consumo de água para a própria Prefeitura, se ela está conveniada com a Prefeitura, para prestar os serviços de apoio social? Bem, tem que pagar uma taxa de água, e, muitas vezes, as comunidades não têm condições de pagar e ficam com uma dívida com o DMAE. Ficando com dívida, caem no cadastro de inadimplentes perante os órgãos do Fisco, da Receita Federal e outros, e param de receber os convênios que atendem essas crianças nas comunidades.

Nós, há poucos dias, Ver. Reginaldo Pujol, aprovamos um Projeto que dava grandes isenções tributárias em função da Copa do Mundo. Então, acho que também temos que olhar para esses pequenos, que fazem os trabalhos comunitários na nossa Cidade, em termos de isenções. Tenho um projeto de lei que está aqui na Casa desde o ano 2005 - já conversei com vários colegas sobre isso - que trabalha a mesma situação para essas entidades e fala da taxa de lixo, que é outro problema. Essas associações que prestam esses serviços já são isentas do IPTU por força de lei, mas não têm isenção da taxa de lixo. Então a taxa de lixo e a taxa de água, que são serviços públicos do Município, acabam sendo um problema, e a nossa proposta, Ver. Tessaro, no caso da taxa de lixo, é no sentido de as comunidades assumirem um compromisso de fazer um trabalho de educação ambiental quanto ao lixo seletivo. Nesse caso, a Verª Maria Celeste já está condicionando que sejam aquelas entidades credenciadas com o Município, que já prestam serviço social no Município, que recebem inclusive recurso do Município, que é muito menor, é um terço do valor que o Município gasta naquelas instituições administradas por ele.

Portanto, essas comunidades já fazem um esforço, e a taxa mínima de água e a isenção da taxa de lixo não são um desfalque para as contas municipais, mas, sim, um apoio para essas comunidades para que possam sobreviver e continuar realizando esse belo trabalho que exercem.

Então, pedimos aos colegas Vereadores que analisem esses projetos para que possamos aprová-los no seu devido momento. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não havendo mais inscrições, encerramos a presente Sessão. Boa noite de São João!

 

(Encerra-se a Sessão às 17h58min.)

 

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